5 livros que todo homem medíocre recomenda com brilho nos olhos

5 livros que todo homem medíocre recomenda com brilho nos olhos

Há um certo tipo de homem que não lê — acumula frases. Ele não busca ideias, mas palavras que lhe confirmem. Livros, para ele, são medalhas invisíveis, penduradas na fala. Ele os cita com o zelo de quem maneja relíquias, ainda que raramente os tenha compreendido por inteiro. Se algum personagem lhe escapa, se o argumento se perde na névoa de lembranças vagas, pouco importa. O que conta é o verniz: a aparência de profundidade, o brilho nos olhos ao recomendar o que nunca decantou no espírito.

Essa figura mediana — que confunde entusiasmo com entendimento — costuma eleger certos livros como totens pessoais. São obras que oferecem a ilusão de sabedoria instantânea, um simulacro de transcendência sem o incômodo do mergulho. Ele os lê como se decorasse um feitiço. Ao repeti-los, não compartilha uma leitura, mas uma senha: a de quem quer parecer desperto sem jamais ter perdido o sono.

Esses títulos orbitam entre a fábula moralista, o empreendedorismo disfarçado de filosofia e a espiritualidade expressa em slogans. Costumam conter personagens arquétipos, lições universais sem nuance, mandamentos camuflados de metáfora. Prometem o mapa para o sucesso, a chave da fortuna, o segredo das relações. São textos que ressoam por serem fáceis, não por serem verdadeiros.

Mas o problema não está nos livros — alguns são, inclusive, úteis ou bem intencionados. O problema é o uso. A leitura que não atravessa, que não desestabiliza, que não provoca a menor rachadura no edifício interior. É aí que a mediocridade se instala: na reverência cega, na ausência de fricção crítica, na paixão por fórmulas que dispensam pensamento.

Recomendar um livro é também revelar-se. E há homens que, ao fazê-lo, não dizem nada sobre literatura — dizem tudo sobre si.