As 7 séries de 2025 que todo mundo está assistindo (e você também vai querer ver)

As 7 séries de 2025 que todo mundo está assistindo (e você também vai querer ver)

Disse sabiamente Terêncio (185 a.C. — 159 a.C.) que, por ser humano, nada que o homem fizesse ou deixasse de fazer era-lhe indiferente. Também uma desculpa para suas próprias faltas, para que dele tivessem misericórdia quando cometesse seus próprios deslizes, o dramaturgo e poeta romano legou para a história trabalhos como “O Homem que se Puniu a Si Mesmo”, em cujo prólogo se alonga sobre seus métodos de escrita. Na peça, composta em 163 a.C., Terêncio roga ao público para que julgue seu texto por seus próprios méritos e valorizando sua própria opinião sobre o que estavam a assistir, deixando de lado o que pensa a crítica. É com nossas próprias convicções que temos de haver-nos todo santo dia, ansiando por escapar das trapaças da vaidade, mas à mercê também de desfrutar de suas apaixonadas indulgências e viver momentos que, por mais fugazes que venham a ser, legitimam toda uma jornada. Talvez o maior perigo de se ser jovem seja precisamente este: discernir, muitas vezes no espaço de um instante, em que circunstância o inesperado da vida está a nosso favor ou apenas mascara-se com os panos coloridos da ilusão, para ver-nos ir ao fundo.

A indústria cultural descobriu nas séries um filão tão prolífico quanto convincente de chegar a públicos os mais diversos, esmiuçando temas sensíveis como a inteligência artificial e, evidentemente, as artimanhas dos assassinos seriais e psicopatas em sentido amplo. “Cassandra”, uma joia em seis episódios da novíssima produção audiovisual alemã, demonstra quão perigosas podem ser as demandas que o homem cria, tornadas reais por uma assistente virtual inativa há meio século que volta à carga com o propósito de acertar as contas com a humanidade. Já na aclamada “Adolescência”, os showrunners Stephen Graham e Jack Thorne concentram-se no verdadeiro enigma que é a relação entre pais e filhos, sobretudo depois de um crime bárbaro. Juntam-se a elas outras cinco produções, arroladas em ordem alfabética e no acervo da Netflix e do Prime Video, cada qual firme em sua meta de comprovar o poder das tramas fragmentadas, plurais e incômodas como o próprio gênero humano.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.