5 livros russos que você precisa ler para ontem

5 livros russos que você precisa ler para ontem

Se você acha que literatura russa é só vodka, neve e personagens com nomes que mais parecem fórmulas químicas, é porque ainda não mergulhou de verdade nesse universo. Aqui não se trata apenas de autores soturnos de barbas veneráveis e frases intermináveis: trata-se de histórias que mordem fundo a alma, às vezes com os dentes tortos da tragédia, outras com o sorriso enviesado do absurdo. São páginas pesadas que flutuam, personagens desgraçados que iluminam, e dilemas existenciais que conseguem ser, ao mesmo tempo, intransponíveis e cotidianos. Ler russos é topar uma conversa intensa às três da manhã com alguém que mal conhecemos, mas que parece nos enxergar com mais clareza do que nós mesmos. E não é preciso estar deprimido para encarar isso, embora a tristeza, convenhamos, ganhe um verniz mais literário em cirílico. Se você sobreviver ao primeiro parágrafo, o risco é não querer largar mais. E não diga que não avisei: tem mais alma em um capítulo russo do que em muita biografia por aí.

Mas calma, não estamos aqui para jogar Guerra e Paz no seu colo (ainda). A ideia é fugir do óbvio, cavucar aquelas joias que, por não estarem nos cartazes das aulas de literatura, acabam injustamente ignoradas. Todo mundo já ouviu falar de Dostoiévski e Tolstói, mas poucos se arriscam fora do arroz com strogonoff literário. A lista que vem a seguir é um convite para ir além da superfície gelada e descobrir os vulcões que fervem por baixo. São histórias que explodem com um tipo de calor que só quem viveu sob o peso de impérios, dogmas e invernos infinitos conseguiria traduzir em palavras. Nada de vestibulares, resumos de colégio ou referências acadêmicas chatas: aqui, o papo é reto, direto da alma russa para o seu sofá. E, convenhamos, ninguém sabe dramatizar uma vida comum como eles. Nem mesmo os argentinos.

Então prepare seu chá preto, sente-se como se estivesse em um trem rumo à Sibéria e respire fundo. A seguir, cinco livros russos que talvez não estejam no seu radar, mas que merecem um lugar de honra na sua estante (e no seu coração meio em frangalhos). São obras densas, sim, mas nem por isso impenetráveis. Pelo contrário: se entregues com o espírito aberto e os olhos curiosos, essas histórias são capazes de virar chaves que a gente nem sabia que existiam. A linguagem é refinada, mas não pedante. O humor, quando aparece, é daquele tipo ácido que escorre pelas entrelinhas. E o impacto? Duradouro — como toda boa literatura deve ser. Então, sem mais delongas ou baboseiras, vamos ao que interessa: cinco obras russas que você precisa ler para ontem.

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.