Autor: Revista Bula

Ela viveu 29 anos como se fossem 100. Morreu deixando apenas um bilhete como despedida

Ela viveu 29 anos como se fossem 100. Morreu deixando apenas um bilhete como despedida

Ela nasceu em 1930, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, e morreu aos vinte e nove numa manhã de 1959. Entre uma casa apertada e as mesas de madrugada, atravessou auditórios, rádios, boates, e escreveu versos que pareciam medir o pulso do país. Os médicos lhe deram prazos; a rua lhe deu trabalho. Deixou um recado curto antes de dormir e nunca mais acordou. Este perfil busca a pessoa por trás da lenda: a menina tímida, a autora rigorosa, o corpo cansado e a coragem diária, contra o relógio.

Morre o gênio que enxergava uma orquestra no cair da chuva e uma sinfonia no riso de uma criança

Morre o gênio que enxergava uma orquestra no cair da chuva e uma sinfonia no riso de uma criança

Filho de sanfoneiro, nascido em Lagoa da Canoa em 1936, Hermeto Pascoal aprendeu cedo a transformar sombra em ouvido. Aos quatorze, partiu para Recife, tocou em rádios e bares, e descobriu que cada cidade é uma escola. No Rio e em São Paulo, integrou grupos decisivos, ampliou fronteiras, formou músicos. Cruzou palcos pelo mundo, escreveu diariamente durante um ano, ensinou que tudo pode soar. Viveu amores longos, guiou gerações, recebeu prêmios importantes. Morreu em 13 de setembro de 2025, no Rio.

A filha morreu de fome. O marido foi fuzilado. Ainda assim, ela deu à poesia do século 20 uma língua nova

A filha morreu de fome. O marido foi fuzilado. Ainda assim, ela deu à poesia do século 20 uma língua nova

Marina Tsvetáieva atravessou revolução, fome, exílio e vigilância, e deixou uma obra de precisão feroz. Este perfil recompõe as décadas entre Moscou e Paris, 1892 a 1941, da perda de Irina ao retorno sob suspeita, do fuzilamento de Efron à evacuação para Elábuga. Com datas na carne e ouvido rigoroso, acompanhamos a poeta que transformou sobrevivência em cadência. Novas traduções recolocam sua voz no presente; e o resto é leitor e mesa: as palavras ainda seguram o dia, mesmo quando a cidade aperta e a noite não cede.

Quase aos 50, um lavrador de mãos rachadas publicou o primeiro livro. Meio século depois, seus versos seguem ferindo e curando

Quase aos 50, um lavrador de mãos rachadas publicou o primeiro livro. Meio século depois, seus versos seguem ferindo e curando

Um velho de Assaré recita, e o vento leva a fome que virou canto. Este perfil acompanha Patativa do Assaré, do sítio Serra de Santana a rádios de válvula, do roçado à página impressa. Menino de 1909, olho ferido, escola breve; cantador que fez da cadência do trabalho um idioma. Em 1964, “A triste partida” ganhou o Brasil; a casa seguiu simples. Aos 93, o corpo descansou, o canto ficou no ar. Um legado popular, urgente: palavras que repartem água, pedem justiça e acendem coragem, em praças, feiras e cozinhas.

Ele teve 20 anos de vida. Bastaram 17 para mudar a literatura

Ele teve 20 anos de vida. Bastaram 17 para mudar a literatura

Um rapaz de 17 anos escreve, aos 20 publica; Paris perde o fôlego e a crítica aprende a falar baixo. Em torno do leito, Cocteau vigia; do lado de fora, a cidade suspende o passo. O escândalo literário ganha a maior campanha de lançamento que a França já havia visto, e a pergunta persiste: como uma vida tão curta conseguiu tal precisão? Revisito a biografia, o estilo e a recepção de Raymond Radiguet, hoje disponível em edições brasileiras, para entender o alcance dessa maturidade precoce.