Autor: Revista Bula

A filha morreu de fome. O marido foi fuzilado. Ainda assim, ela deu à poesia do século 20 uma língua nova

A filha morreu de fome. O marido foi fuzilado. Ainda assim, ela deu à poesia do século 20 uma língua nova

Marina Tsvetáieva atravessou revolução, fome, exílio e vigilância, e deixou uma obra de precisão feroz. Este perfil recompõe as décadas entre Moscou e Paris, 1892 a 1941, da perda de Irina ao retorno sob suspeita, do fuzilamento de Efron à evacuação para Elábuga. Com datas na carne e ouvido rigoroso, acompanhamos a poeta que transformou sobrevivência em cadência. Novas traduções recolocam sua voz no presente; e o resto é leitor e mesa: as palavras ainda seguram o dia, mesmo quando a cidade aperta e a noite não cede.

Quase aos 50, um lavrador de mãos rachadas publicou o primeiro livro. Meio século depois, seus versos seguem ferindo e curando

Quase aos 50, um lavrador de mãos rachadas publicou o primeiro livro. Meio século depois, seus versos seguem ferindo e curando

Um velho de Assaré recita, e o vento leva a fome que virou canto. Este perfil acompanha Patativa do Assaré, do sítio Serra de Santana a rádios de válvula, do roçado à página impressa. Menino de 1909, olho ferido, escola breve; cantador que fez da cadência do trabalho um idioma. Em 1964, “A triste partida” ganhou o Brasil; a casa seguiu simples. Aos 93, o corpo descansou, o canto ficou no ar. Um legado popular, urgente: palavras que repartem água, pedem justiça e acendem coragem, em praças, feiras e cozinhas.

Ele teve 20 anos de vida. Bastaram 17 para mudar a literatura

Ele teve 20 anos de vida. Bastaram 17 para mudar a literatura

Um rapaz de 17 anos escreve, aos 20 publica; Paris perde o fôlego e a crítica aprende a falar baixo. Em torno do leito, Cocteau vigia; do lado de fora, a cidade suspende o passo. O escândalo literário ganha a maior campanha de lançamento que a França já havia visto, e a pergunta persiste: como uma vida tão curta conseguiu tal precisão? Revisito a biografia, o estilo e a recepção de Raymond Radiguet, hoje disponível em edições brasileiras, para entender o alcance dessa maturidade precoce.

Ela pagou o preço do escândalo. Morreu discretamente. Virou lenda. Mudou a poesia brasileira

Ela pagou o preço do escândalo. Morreu discretamente. Virou lenda. Mudou a poesia brasileira

Um retrato biográfico e emocional de Hilda Hilst: de Jaú à Casa do Sol, atravessando juventude, ditadura e redemocratização. Infância marcada por fraturas familiares, estudo em São Paulo, disciplina feroz da escrita, amores, amigos, cães, pátio de luz. Rigor formal, coragem temática, fé áspera e desejo pensante. Também a queda de 2004, hospital, velório simples, e depois a guarda da memória por leitores e editoras. Uma vida que transformou silêncio em verbo e devolveu responsabilidade ao leitor.

Ele morreu aos 20. Fez do amor uma faca. E ensinou o Brasil a beijar o abismo

Ele morreu aos 20. Fez do amor uma faca. E ensinou o Brasil a beijar o abismo

Ele nasceu em 1831, cresceu entre São Paulo e o Rio, estudou línguas, escreveu como quem precisava de ar e fez do Largo São Francisco um laboratório. Em 25 de abril de 1852, aos vinte, a vida parou e o país ganhou um luto inaugural. Ficaram versões de morte, ficaram papéis, ficaram amigos que os levaram à oficina. Esta reportagem percorre infância, adolescência, febres, humor e legado em salas de aula e sebos.