No dia em que completou 36 anos, ela decidiu que não haveria mais manhã seguinte. Antes, escreveu a própria tragédia
Filha ilegítima num país em convulsão, Florbela Espanca cresceu entre silêncios e salas de visitas que mediam cada gesto. Estudou, casou-se três vezes, divorciou-se quando isso custava reputação, escreveu do corpo e pagou o preço. Perdeu o irmão, enfrentou consultórios e noites em claro, sustentou a própria voz numa república instável e sob a sombra que antecedeu o Estado Novo. No aniversário de 36 anos, em Matosinhos, escolheu o fim.
 
 






