Autor: Revista Bula

Aos 75, uma doceira do interior do Brasil publicou seu primeiro livro. Hoje, toda a língua lusófona a reverencia Foto / Cidinha Coutinho

Aos 75, uma doceira do interior do Brasil publicou seu primeiro livro. Hoje, toda a língua lusófona a reverencia

De uma casa baixa à margem do Rio Vermelho, Cora Coralina transformou trabalho, silêncio e cadernos em literatura. Doceira, viúva, escritora tardia, publicou o primeiro livro em 1965, aos 75 anos, e a partir daí reorganizou pertencimentos: mulheres, cidades pequenas, leitores urbanos. Entre becos, cartas e rigor verbal, sua obra recusa exotismo e sustenta uma ética da atenção. Este retrato atravessa a infância em Vila Boa, a volta em 1956, a edição pela José Olympio, a reedição da UFG e a leitura de Drummond, até o reconhecimento público e museológico.

Com Brad Pitt, o melhor filme de ação e mistério dos últimos 3 anos já está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

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Num comboio que raramente desacelera, a luz não pertence a lugar algum, apenas às telas e aos anúncios que cintilam sem repouso. Rostos parecem moldados por figurinos de outra era; codinomes infantis disfarçam crueldades metódicas; parcerias funcionam como relógios desalinhados. O espaço curto exige choque, empurra encontros, testa códigos morais como quem conta piadas com lâmina. O artifício é assumido. A fisicalidade, incontornável.

Na Netflix, Blake Lively e Jude Law em um jogo de vingança que não dá respiro Divulgação / Paramount Pictures

Na Netflix, Blake Lively e Jude Law em um jogo de vingança que não dá respiro

Quando o cinema de ação abandona a fanfarra, resta o corpo em tensão e a respiração que falha. A câmera encosta no rosto que recusa brilho e transforma hesitação em método; em vez de prometer redenção, mostra processo, custo e consequência. Cada curva mal calculada, cada tiro atrasado, cada escolha sem glamour desenham disciplina sombria. O som substitui slogans, a proximidade expõe rachaduras. A jornada de uma sobrevivente encontra ritmo próprio e recusa manuais, preferindo risco, tato e uma ética da imperfeição, com responsabilidade a cada passo. Clara, sem atalhos.

Em 1938, após o último poema, a poeta que mudou a poesia argentina se jogou no Atlântico, em Mar del Plata

Em 1938, após o último poema, a poeta que mudou a poesia argentina se jogou no Atlântico, em Mar del Plata

Ao sul dos Alpes, uma menina deixa Sala Capriasca, Suíça, e encontra no Rio da Prata o idioma do sustento. Cresce entre San Juan e Rosario, aprende a fabricar abrigo com pouco. O pai morre, o dinheiro mingua, ela aceita fábrica, escritório, giz. Aos dezenove, Buenos Aires a recebe: grávida, sozinha, turnos longos, pensão, o filho Alejandro nos braços. De dia, aulas e jornal; à noite, páginas. Em 1935, o diagnóstico, a cirurgia, a cicatriz. Três anos depois, Mar del Plata, vento frio, consulta, presságio. A madrugada saberá do resto.

Vencedor do Oscar, o melhor filme de ação dos últimos 5 anos acaba de estrear na Netflix Divulgação / Warner Bros.

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Antes de qualquer explicação, há ruído: massas sonoras que vibram como placas, um palco que vira corredor de evacuação, corpos entre a precisão militar e o pânico civil. A câmera observa sem paternalismo, registra mudança de pressão no ar, luz que se recolhe como se obedecesse a ordem inaudível. A sensação é de entrar atrasado numa partitura já em andamento; as notas, em vez de orientar, desarranjam. No centro, um rosto sem nome. Não é recusa de identidade, é método.