Autor: Natália Walendolf

Thriller policial com Nicolas Cage vai te deixar com os olhos vidrados e o coração na boca, na Netflix Divulgação / Lionsgate Films

Thriller policial com Nicolas Cage vai te deixar com os olhos vidrados e o coração na boca, na Netflix

Há algo de particularmente incômodo quando o horror se esconde sob a aparência de normalidade — e mais ainda quando essa aparência é composta de neve limpa, ruas silenciosas e um céu que parece eternamente suspenso em uma luz pálida. “Sangue no Gelo”, filme dirigido por Scott Walker e inspirado em eventos reais, entra justamente nesse território: o de uma América congelada, literal e simbolicamente, onde crimes hediondos prosperaram por anos à margem da atenção pública.

A história mais conhecida do mundo recontada de um jeito único, com Anthony Hopkins, na Netflix Christopher Raphael / Netflix

A história mais conhecida do mundo recontada de um jeito único, com Anthony Hopkins, na Netflix

O longa estabelece desde o início sua intenção de escapar à linearidade catequética. Em vez de repetir os evangelhos em ordem cronológica, constrói um fluxo narrativo que opera por interseções emocionais. A infância no templo, os encontros com Ana, a figura quase constante do anjo Gabriel, tudo isso não configura um mosaico — termo inadequado aqui — mas uma cadeia sensível de experiências que deslocam Maria do altar e a inserem num tempo vivo, pulsante.

Novo suspense com Nicole Kidman já é o mais visto mundialmente do Prime Video no mundo inteiro Divugação / Amazon Studios

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Sob o verniz elegante que reveste “Holland”, há algo que pulsa de maneira irregular — uma inquietação que não se revela com clareza, mas também nunca desaparece por completo. Dirigido por Mimi Cave, cuja estreia em “Fresh” demonstrou certa inclinação para o grotesco embalado em estética pop, o filme parte de uma premissa instigante: a implosão silenciosa de uma vida construída com precisão, abalada por uma suspeita aparentemente banal.

Baseado em livro de suspense de James Patterson, thriller com Morgan Freeman e Ashley Judd está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

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Há filmes que conseguem se equilibrar entre as fórmulas conhecidas e um certo grau de autenticidade que os torna memoráveis. “Beijos que Matam”, lançado em meio à enxurrada de thrillers psicológicos da virada dos anos 1990 para os 2000, caminha por esse terreno ambíguo. Não reinventa a roda, tampouco se rende inteiramente aos automatismos do suspense policial. Sua maior qualidade é operar numa zona de tensão entre o funcional e o incômodo, o previsível e o estranho.

Suspense com Joaquin Phoenix que explora filosofias de Kierkegaard e Nietzsche, na Netflix Sabrina Lantos / W.A.S.P.

Suspense com Joaquin Phoenix que explora filosofias de Kierkegaard e Nietzsche, na Netflix

À primeira vista, o enredo poderia ser confundido com mais um exercício do cineasta sobre o intelectual deprimido em crise de meia-idade. Joaquin Phoenix dá vida a Abe Lucas, professor de filosofia soterrado pela apatia e pelo álcool, cuja presença na universidade provoca tanto curiosidade quanto repulsa. No entanto, o que parece um retrato caricato de autocomiseração intelectual logo se desdobra em outra coisa: uma experiência perturbadora sobre a fragilidade das convicções éticas quando confrontadas com a ilusão do heroísmo moral.