Autor: Marcelo Costa

Um diamante sujo no catálogo da Netflix: a ação mais barulhenta (e genial) de Guy Ritchie Divulgação / Columbia Pictures

Um diamante sujo no catálogo da Netflix: a ação mais barulhenta (e genial) de Guy Ritchie

Há um tipo de filme que não se contenta em contar. Ele cospe, gagueja, desiste e volta. Dá voltas como um boxeador sem guarda, como se desafiar a própria narrativa fosse mais importante que qualquer desfecho. É o cinema que não pede permissão, que abre a porta da frente com o ombro e rabisca a parede da sala antes de dizer ao que veio. Em “Snatch: Porcos e Diamantes”, Guy Ritchie não quer falar sobre crime — ele quer te empurrar dentro dele, de rosto contra o asfalto. Não se trata de compreender, mas de sentir a pancada, rir com sangue na boca, seguir adiante.

A mais tocante história de amor da Netflix — e, sem dúvida, uma das mais belas da história do cinema Divulgação / Annapurna Pictures

A mais tocante história de amor da Netflix — e, sem dúvida, uma das mais belas da história do cinema

Barry Jenkins é mestre em transformar a delicadeza da vida cotidiana em um campo minado de emoções não ditas, silêncios dolorosos e gestos que gritam sem som. Sua arte, feita de olhares profundos e cores saturadas, oferece ao espectador uma reflexão contundente sobre as relações humanas e os abismos sociais que definem a existência negra na América contemporânea. Ao retratar amores interrompidos e felicidades adiadas, Jenkins cria um cinema urgente, poético e necessário, que denuncia injustiças enquanto celebra silenciosamente a resistência daqueles que insistem em amar, apesar de tudo.

O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix

O que se via ali não era o futuro. Era uma lembrança disfarçada de promessa. Aquele tipo de ficção que não empurra para o depois, mas puxa para o antes. Uma cidade exausta, um helicóptero impaciente, um olhar treinado demais para ser apenas curiosidade. E o som, sempre o som, latejando por trás das paredes, atravessando portas, monitorando respirações. Havia, naquela paisagem granítica de concreto e paranoia, um espaço entre o que se via e o que se sabia. E ninguém parecia disposto a ocupar esse intervalo. A tela se abria, sim, mas era para dentro. E ninguém tinha a chave.

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade Divulgação / Columbia Pictures

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade

Há uma contenção que define o espírito de “Razão e Sensibilidade”, tanto no romance original de Jane Austen quanto na adaptação cinematográfica de Ang Lee. Uma elegância não no sentido estético convencional, mas como escolha ética e formal. O filme se abstém de excessos: evita discursos inflamados, evita sentimentalismos fáceis, evita mesmo a ideia de redenção dramática. Prefere acompanhar, com minúcia e paciência, a erosão de uma família condenada a reorganizar sua dignidade em silêncio.

Se você for assistir só um filme argentino na vida, ele está no Prime Video Divulgação / Haddock Films

Se você for assistir só um filme argentino na vida, ele está no Prime Video

Em “O Segredo dos Seus Olhos”, Juan José Campanella transforma um caso arquivado num espelho moral de toda uma sociedade. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa argentino costura memória, trauma e justiça com precisão literária e densidade ética. Ricardo Darín vive um investigador que tenta reescrever o passado, mas encontra respostas que nenhum tribunal saberia julgar. Um thriller que escapa ao gênero, um romance de silêncios e omissões, um estudo sobre o que permanece depois do esquecimento e nos olha de volta.