Autor: Marcelo Costa

A Paixão Segundo G.H. é o maior caso de Síndrome de Estocolmo literária do Brasil

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Clarice construiu uma armadilha perfeita. Uma armadilha que se alimenta da vaidade alheia. Quem ousa dizer que não gostou, que não entendeu, que teve sono, imediatamente se sente tolo. E é aí que mora a genialidade do sequestro. O livro transforma o desconforto em aura. E a aura, em reverência. Não porque seja impossível. Mas porque é difícil demais admitir que talvez o desconforto seja maior do que o impacto. Que talvez a experiência não tenha sido iluminadora, mas apenas exaustiva.

4 livros brasileiros elogiados porque ninguém quer parecer burro

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Alguns livros são tão densos, tão labirínticos, tão cuidadosamente intransitivos, que a simples ideia de dizer “não entendi” soa como heresia cultural. Eles não se entregam ao leitor — exigem dele uma espécie de fé intelectual e uma disposição rara para o desconforto. Quem não compreende, elogia. Quem compreende, elogia com medo. No fim, todo mundo finge naturalidade diante da complexidade, como quem disfarça um tropeço com pose. E talvez, só talvez, esse seja o verdadeiro elogio: não à clareza, mas àquilo que não se deixa possuir.

Leu e se arrependeu: os 5 livros brasileiros que traumatizaram gerações

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Clássicos? Sim. Indispensáveis? Talvez. Amados? Quase nunca. Estes cinco livros brasileiros sobreviveram à escola, aos resumos prontos e às análises de prova — mas não sem deixar cicatrizes. Ler foi obrigatório, interpretar virou desafio, e gostar… bem, isso ficou para outra vida. Obras que pareciam testes de resistência estética marcaram gerações com frases longas, vocabulário rebuscado e finais que mais confundem que consolam. Agora, revisitadas com ironia e uma certa nostalgia crítica, essas histórias revelam outro traço em comum: traumatizaram com categoria. E deixaram marcas que nem o tempo apagou.

Bloomsday: Nem Jesus Cristo tem um dia no calendário. Leopold Bloom tem

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No centro da cidade antiga, as pedras respiram como se estivessem esperando alguém. Às vezes um silêncio denso se esgueira entre os prédios, como uma carta não enviada. A luz passa torta por cima das chaminés, resvala nos trilhos, nas vitrines embaciadas. Os passos ecoam, mas não seguem ninguém. Há uma mulher parada diante de um açougue fechado, ou talvez seja só uma lembrança mal encaixada. O ar tem gosto de tinta molhada e papel velho. É junho, e tudo está fora do lugar.

O livro mais vendido e mais lido no mundo em 2025: uma vitória do marketing sobre a literatura

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Era para ser uma história sobre dragões. Era para ser sobre força, sobre conquista. Mas tudo cheira a verniz. Uma laca grossa de desejo vendido a prestações, parcelado em clímax diluídos. A personagem se ergue como se ninguém soubesse o que vai acontecer — mas todo mundo sabe. Há uma repetição que é quase conforto e quase ruído. Como quem volta para um quarto de motel por nostalgia de uma briga.