Mais do que narrar a jornada de um arquiteto em exílio, “O Brutalista” ergue uma reflexão implacável sobre pertencimento, estética e desintegração. Brady Corbet dilata o tempo e as formas para compor um épico austero, onde a rigidez do concreto revela fraturas íntimas. A experiência é desconfortável, densa e desafiadora — como o mundo que insiste em ser erguido sobre ruínas.
Jake Gyllenhaal mergulha em um thriller psicológico enigmático, onde a realidade se distorce ao espelhar-se no duplo. Com direção precisa de Denis Villeneuve e uma estética opressiva, “O Homem Duplicado” ultrapassa o suspense tradicional para tocar nas fissuras da identidade. Adaptado do romance de José Saramago, o filme perturba ao insinuar que o eu pode ser apenas um pacto frágil com o desconhecido.
Guiado por vídeos deixados pela mãe pouco antes de morrer, uma jovem se vê forçada a retomar uma antiga lista de desejos para ter acesso à herança. O que começa como uma obrigação se transforma numa travessia emocional entre luto, amores ambíguos e sonhos esquecidos. “A Lista da Minha Vida” trafega entre leveza e imposição, oferecendo uma reflexão sutil sobre as formas silenciosas de controle sob o disfarce do afeto.
Não há tréguas nem respiros em “Operação Lioness”. Desde os minutos iniciais, a série se impõe como um campo minado emocional e estratégico, onde nenhuma decisão está livre de consequência. Taylor Sheridan, criador por trás de projetos marcados pela tensão subterrânea e pela anatomia do poder — como “Yellowstone”, “Mayor of Kingstown” e “Tulsa King” — transpõe para o universo da espionagem uma lógica narrativa que recusa simplificações.
Esqueça as renas fofas e os sinos cintilantes: em “Noite Infeliz”, o Natal é invadido por sangue, sarcasmo e marteladas brutais. Nesta mistura insana de “Duro de Matar” com “Esqueceram de Mim”, David Harbour encarna um Papai Noel decadente que troca a ternura por violência para proteger uma menina em perigo. Um conto natalino perverso, grotesco — e, surpreendentemente, catártico.
