Autor: Fernando Machado

“Boyhood: Da Infância à Juventude” é uma obra ousada que desafia o público a acompanhar, em menos de três horas, o trajeto de um garoto de seis anos até sua entrada na vida adulta. A ambiciosa criação de Richard Linklater não exigiu um orçamento exorbitante — foram apenas US$ 4 milhões que renderam uma bilheteria quinze vezes maior —, mas o projeto consumiu tempo e uma equipe incansável, somando doze anos de trabalho contínuo, o que representa 4.200 dias dedicados à execução de uma visão singular.

“Ted Bundy: A Confissão Final” explora as complexidades da mente de um dos mais notórios assassinos em série dos Estados Unidos, Theodore Robert Bundy, através de um cuidadoso e tenso diálogo entre o criminoso e o agente do FBI Bill Hagmeier. Com uma abordagem que evita retratar os crimes em si, o filme se concentra na relação entre o sedutor, porém implacável, Bundy e o analítico Hagmeier, revelando a luta psicológica e a tensão entre o bem e o mal que emergem nos encontros ao longo de quatro anos de confissões.

A adaptação cinematográfica de 2008, dirigida por Stephen Daldry, traz à tona a complexidade emocional e ética da história. Com atuações de Kate Winslet, David Kross e Ralph Fiennes, o filme recebeu elogios da crítica, alcançando cinco indicações ao Oscar e premiando Winslet como Melhor Atriz por sua interpretação magistral. O filme se tornou uma referência ao transpor para as telas o dilema entre passado e redenção, reproduzindo a profundidade psicológica do romance original.

“Radioactive” explora a vida intensa e inovadora de Marie Curie, uma cientista pioneira cuja descoberta do rádio e do polônio transformou a ciência, mas também cobrou um alto preço pessoal. Sob a direção de Marjane Satrapi, o filme desvia de uma abordagem convencional e se aprofunda nas controvérsias e sacrifícios que marcaram sua trajetória. Rosamund Pike brilha ao interpretar Curie, revelando uma mulher apaixonada pelo conhecimento, desafiadora das normas sociais e determinada a expandir os limites da ciência.

Em “Rosa e Momo”, Sophia Loren retorna ao cinema sob a direção de seu filho, Edoardo Ponti, entregando uma performance carregada de intensidade e sensibilidade. A atriz dá vida a Madame Rosa, uma sobrevivente do Holocausto que, marcada por um passado de desafios, dedica-se agora a cuidar de crianças abandonadas por trabalhadoras do subúrbio de Paris. A chegada de Momo, um jovem senegalês envolto em traumas e dilemas próprios, estabelece uma relação inesperada e comovente que explora temas de empatia, resiliência e compaixão.