Autor: Eberth Vêncio

Todas as enfermeiras vão para o céu; já os médicos, só a metade

Todas as enfermeiras vão para o céu; já os médicos, só a metade

Eu não podia acreditar que o Jantinha tinha morrido numa troca de tiros com a polícia. O telejornal noticiou que os militares encontraram um arsenal no porta-malas do seu carro. Não dava para confiar de olhos fechados na versão da polícia, sabem como é, mas, no caso do Jantinha, provavelmente, ele tinha alguma culpa no cartório, sim, senhor. Não se endireitava o danado. Trágico fim para um sujeito com uma vida desregrada e tortuosa desde sempre.

Bolinhos de chuva para alimentar uma mente árida

Bolinhos de chuva para alimentar uma mente árida

Depois da estiagem vinha a bonança: lágrimas de contentamento. Caía a chuva sobre a grama salpicada com pepitas de granizo. Para quebrar o gelo, pus para tocar Gene Kelly. Quem não gostou do som alto foi o casal de andorinhas de fraque preto aninhadas na sanca de gesso. Sobrevoaram-me a cabeça em rasantes ameaçadores que nem de longe me amedrontaram. Privilégio ter o teto sob o qual se morava disputado por passarinhos.

Coisas de mulher

Coisas de mulher

No último sábado, almocei em casa e fui fazer a sesta em frente à TV, como habitualmente procedo nos dias em que estou de folga. Sintonizei um canal líder de audiência e me deparei com a transmissão, ao vivo, de uma partida de futebol entre mulheres. Eram duas e trinta da tarde. Um calor de tirar pica-pau do oco. Os termômetros marcavam quase quarenta graus.

Onde fica a saída

Onde fica a saída

Estou precisando de uma mãozinha do pessoal que lida com a saúde mental das pessoas. Diagnóstico. Eu preciso de um diagnóstico. Luz. Eu preciso de uma luz. Eu sei que poderá soar aberrante, patético e antiético que eu relate nessas linhas a história de uma pessoa de quem gosto muito e que, certamente, está acometida por algum distúrbio psíquico.

Escute o seu coração, mas, não acredite em tudo que ele disser

Escute o seu coração, mas, não acredite em tudo que ele disser

Eu sou um animal. Eu sou um animal, graças a Deus. Graças a uma trepada meia-boca entre papai e mamãe numa cama que balançava e que r por causa de parafusos frouxos. Posso ter parafusos a menos na cabeça, mas, ao menos, estão bem arrochados. Ou não. Há controvérsias entre anjos e demônios. Não posso garantir. Nada é perfeito. Ninguém é perfeito. Aliás, eu prefiro a companhia dos defeitos dos seres imperfeitos que erram ao tentar acertar. Prefiro também ficar por cima, se é que me entendem.