Autor: Amanda Silva

O melhor filme do último ano acaba de estrear no Prime Video: ganhador de 4 Oscars Yorgos Lanthimos / Element Pictures

O melhor filme do último ano acaba de estrear no Prime Video: ganhador de 4 Oscars

Toda história de formação parte de uma desigualdade básica. Alguém detém linguagem e dinheiro, alguém precisa negociar acesso. Quando a personagem central aprende palavras que nomeiam prazer, contrato e lei, a trama deixa de ser curiosidade científica e passa a ser disputa de tutela. Interessa seguir decisões e cobranças que nascem daí. Quem controla recursos tenta controlar corpos, e cada negação cobra um preço.

O filme mais bonito da Netflix: prepare-se para sorrir e chorar até o último segundo Divulgação / Charades

O filme mais bonito da Netflix: prepare-se para sorrir e chorar até o último segundo

A lembrança familiar costuma parecer linear, mas depende do ponto de vista e do que foi esquecido, omitido ou reorganizado anos depois. Quando uma filha adulta tenta entender o pai que teve, a memória vira investigação íntima com lacunas que pedem montagem. Nesse terreno, a pergunta não é quem estava certo, e sim como cada gesto causou outro gesto, até restar uma imagem possível de amor e distância.

Tanto assustador quanto fascinante, suspense com Mia Goth é um diamante escondido na Netflix Divulgação / A24

Tanto assustador quanto fascinante, suspense com Mia Goth é um diamante escondido na Netflix

Ao perseguir reconhecimento, personagens costumam confundir sonho com projeto e confissão com aprovação. Quando o desejo encontra ordens domésticas rígidas e um país atravessado por doença e medo, o impulso de se mostrar ao mundo vira necessidade de sobrevivência emocional. Nesse contexto, pequenos gestos passam a ter peso de juramento. Uma audição vira julgamento, um elogio vira promessa, uma recusa vira sentença.

Na HBO Max: o faroeste de Clint Eastwood indicado ao Oscar que o público esqueceu, mas merece ser redescoberto Divulgação / Warner Bros.

Na HBO Max: o faroeste de Clint Eastwood indicado ao Oscar que o público esqueceu, mas merece ser redescoberto

Histórias de violência costumam nascer do desejo de reparar uma perda, e a justiça pessoal quase sempre amplia o rastro de danos. Em cenários de guerra civil, a linha entre sobrevivência e revide fica turva, porque instituições falham e pactos se desfazem. O faroeste, como forma clássica de dramatizar isso, depende de objetivos transparentes, obstáculos tangíveis e consequências encadeadas. Esse é o terreno em que o longa dirigido por Clint Eastwood opera, transformando um caso particular em rota de deslocamentos e alianças improváveis.

Filme com Denzel Washington, baseado em livro  que ficou 50 semanas entre os mais vendidos, está na Netflix Divulgação / 20th Century Fox

Filme com Denzel Washington, baseado em livro que ficou 50 semanas entre os mais vendidos, está na Netflix

Famílias contratam guarda particular, advogados vendem atalhos, autoridades oscilam entre amparo e conivência. Nessa zona cinzenta, promessas pessoais passam a valer mais que carimbos. O dilema ético deixa o discurso e entra no cotidiano, onde cada decisão imediata altera o próximo passo. É nesse tabuleiro de interesses que “Chamas da Vingança” (2004) constrói uma investigação de causa e efeito, amarrada a uma promessa feita a uma criança e cobrada até o último gesto.