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O filme do Prime Video que faz muita gente pausar e respirar antes de continuar Divulgação / 2929 Productions

O filme do Prime Video que faz muita gente pausar e respirar antes de continuar

Atravessar um território morto virou trabalho diário; em “A Estrada”, Viggo Mortensen faz um pai que conduz o filho, vivido por Kodi Smit-McPhee, por rodovias queimadas, enquanto Charlize Theron aparece em lembranças do tempo anterior ao colapso, sob direção de John Hillcoat. O homem escolhe seguir para o sul porque acredita que o litoral pode oferecer comida e temperatura menos hostil. O conflito é manter o menino vivo sem se entregar às práticas violentas que dominam a estrada.

Para sustentar a marcha, ele decide racionar tudo e evitar peso extra. Separa latas por dias, guarda água em garrafas reaproveitadas e protege cobertores da chuva com plástico. A motivação é simples: sem reservas, uma noite mal dormida vira doença. O obstáculo é que o frio e a fuligem não dão trégua, e o corpo cobra rápido. O efeito é um deslocamento contínuo, com paradas curtas e sem possibilidade de acampamento estável.

Ao longo do caminho, a dupla encontra casas vazias, postos saqueados e carros abandonados que bloqueiam trechos da via. O pai decide entrar quando enxerga uma chance concreta de alimento ou roupa seca, porque o carrinho já não compensa tantos desvios. Em cada incursão, o obstáculo é o barulho: porta rangendo, vidro quebrando, passos em piso podre. Isso aumenta o risco de ser notado e obriga saídas apressadas, deixando para trás objetos que poderiam servir no dia seguinte.

De manhã, ele acorda antes. Fecha a lona. Confere o mapa. Conta as latas. Recolhe o que espalhou. Apaga qualquer sinal de fogo. Observa a estrada por alguns minutos. Só então chama o menino e decide andar. O motivo é reduzir surpresa. O obstáculo é que a informação nunca é suficiente, e um rastro recente muda tudo. O resultado é uma rotina curta, repetida, construída para ganhar minutos.

Mais adiante, quando ouve motor ou vê fumaça fresca, o pai escolhe sair do asfalto e se esconder com o garoto em valas, mato baixo ou estruturas caídas. Ele faz isso porque sabe que grupos armados circulam e tomam o que encontram. O obstáculo é que o fora da pista também é perigoso: pouca visibilidade, terreno irregular, frio maior. A consequência é perder tempo e energia, mas preservar o essencial, que é não ser visto.

Num trecho em que a fome aperta, ele decide arriscar uma busca mais demorada e encontra um esconderijo com provisões preservadas. A motivação é recuperar forças e reduzir a pressão imediata sobre o menino. O obstáculo vem da dúvida: permanecer ali aumenta a chance de alguém rastrear a movimentação, e sair cedo demais desperdiça a oportunidade. Ele usa parte do estoque, seca roupas e deixa tudo pronto para partir em minutos, caso surja gente na estrada.

Quando aparecem outros: negociar, ceder, reagir

Em certo ponto, o pai aceita dividir parte do que tem com um velho encontrado na estrada. Ele decide oferecer comida e companhia por uma noite, porque o menino insiste e porque recusar pode gerar conflito desnecessário. O obstáculo é o estoque limitado e o medo de que a conversa atraia outros. O efeito não é reconciliação; é um teste curto de confiança, com o adulto mantendo a arma por perto e o garoto observando o que um estranho faz com um prato quente.

Depois, a viagem sofre um golpe quando um ladrão aproveita um descuido e leva parte do carrinho. O pai decide perseguir, motivado por saber que perder comida significa encurtar dias de vida. O obstáculo é o terreno aberto e a chance de emboscada; correr expõe os dois e amplia o barulho. A consequência imediata é um confronto em que o pai impõe sua força e o menino reage ao modo como essa força é aplicada, porque a punição também educa.

Casa isolada e litoral: a rota sem garantia

Numa casa isolada que parece vazia, ele decide entrar para se proteger do frio e procurar mantimentos. A motivação é passar a noite em local fechado e ganhar horas de descanso. O obstáculo surge quando sinais dentro do imóvel indicam presença recente e reduzem a margem de recuo, ou melhor, tornam qualquer recuo barulhento demais. A dupla precisa escolher entre se esconder ali ou fugir de imediato. A consequência é uma retirada apressada, com perda de suprimentos e com a rota exposta a quem estiver seguindo.

Já perto do litoral, pai e filho alcançam a faixa de areia e encontram um mar cinzento, sem barcos, sem comida fácil, com vento que corta. O pai decide procurar abrigo antes de escurecer e reorganizar o pouco que sobrou. O obstáculo é que a costa é aberta e visível, e a ideia de segurança não se confirma. O efeito é a continuidade do deslocamento em novas condições: menos cobertura, mais frio, e a mesma necessidade de decidir rápido onde dormir e o que guardar para amanhã.

Filme: A Estrada
Diretor: John Hillcoat
Ano: 2009
Gênero: Drama/Thriller/Tragédia
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★