O espírito anárquico das comédias juvenis nasce do impulso de desafiar convenções e rir daquilo que a boa educação insiste em esconder. O politicamente incorreto é usado para provocar, expor hipocrisias e conferir destaque ao absurdo de certas opiniões e gestos, levando ao riso que liberta e cura. Existe um prazer quase revolucionário em saber que regras sociais são subvertidas sem consequências trágicas, e o humor flerta com a barbárie sem problema algum. Ao rir do proibido, o espectador é instado a reconhecer a arbitrariedade em que se ampara uma legião de falsos heróis, desesperados por qualquer brecha para conquistar o coração das gentes e destruí-lo. Poder-se-ia dizer que filmes como “A Ressaca 2” tem uma função catártica, fustigando os costumes com o riso; entretanto, o diretor Steve Pink não demonstra aqui o mesmo esmero que o observado em “A Ressaca” (2010), sinal de que fórmulas calculadas tem as suas limitações.
O roteiro de Josh Heald e John Karnay segue mirando o nonsense, apresentado em cenas pródigas de computação gráfica e efeitos especiais. Lou Dorchen e Nick Weber, dois amigos de meia-idade, querem ser eternos garotões, fazendo as mesmas piadas e usando as mesmas roupas espalhafatosas, e suas polpudas contas bancárias são fundamentais nisso. Lou, o mais asqueroso deles, dá uma festa em que ostenta sua peruca à Axl Rose e um figurino brilhante e colado, aproveitando também para avançar umas casas em seu joguinho de ultraje e dominação e, mais uma vez, deixar claro quem manda. Sua primeira vítima é Jacob, o filho renegado que vira um mordomo que aguenta toda a sorte de humilhações, mas será vingado. Um dos tantos desafetos de Lou atira nele (e não num lugar qualquer) e sua única chance de sobreviver é embarcar rumo ao passado na banheira de hidromassagem a que o título original alude e encontrar quem o alvejou. Mas alguma coisa não corre como deveria correr.
Eles não voltam no tempo, mas vão para o futuro, curiosamente para 2025, e esse é o gancho de que Pink se vale a fim de conectar o segundo longa ao primeiro, quando John Cusack teve um papel de destaque. Adam Jr., filho do personagem de Cusack, está prestes a se casar, mas é impedido por Lou, que mantém um intercurso sexual tão fugaz quanto voluptuoso com a noiva, por sua vez justamente decepcionada com Adam Jr. Rob Corddry, Craig Robinson, Clark Duke e Adam Scott se esforçam. Mas podem pouco.
★★★★★★★★★★






