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O Prime Video escondeu um filme de ação coreano hipnótico: quando engrena, você esquece até de piscar Divulgação / Amazon Prime Video

O Prime Video escondeu um filme de ação coreano hipnótico: quando engrena, você esquece até de piscar

Num canteiro de obras em Busan, um dia de trabalho vira uma cadeia de telefonemas e transferências que ninguém consegue desfazer. Em “Linha Cruzada”, Byun Yo-han interpreta Seo-joon, ex-detetive hoje encarregado de uma equipe de campo; Kim Mu-yeol é Pro Kwak, o planejador que desenha o golpe; Kim Hee-won vive Lee Kyu-ho, policial destacado para atacar esse tipo de crime; a direção é de Kim Sun e Kim Gok. O conflito é recuperar o dinheiro e sustentar uma infiltração até alcançar quem manda, antes que o esquema feche suas portas e apague rastros.

A armadilha nasce de uma voz treinada para soar como autoridade. Mi-yeon, esposa de Seo-joon, recebe a ligação de um homem que se apresenta como advogado, descreve um suposto acidente no canteiro e empurra a conversa para uma solução rápida: depósito, sigilo e obediência. O golpe se apoia num bloqueio de sinal perto do local, o que corta o caminho mais simples para confirmar a história. Mi-yeon decide pagar e percebe tarde que o dinheiro já passou por contas de passagem.

Seo-joon começa a seguir rastros

Em vez de se acomodar na fila da delegacia, Seo-joon decide seguir rastros. Ele guarda números, grava trechos, volta ao canteiro e insiste em detalhes que a rotina costuma apagar, como uma tatuagem vista de relance num homem que circulava quando os celulares ficaram mudos. A motivação não é só doméstica: outros trabalhadores também caíram e a perda vira assunto de gente que não tem margem para errar. O obstáculo é o medo de exposição, que reduz testemunhas e empurra a investigação para contatos indiretos e pistas incompletas.

Na delegacia, Lee Kyu-ho oferece um caminho que parece correto e insuficiente. Ele decide manter o caso no trilho formal: comprovar a trilha bancária, mapear contas e pedir cooperação além da fronteira. A motivação é derrubar o grupo inteiro, não salvar um único pagamento. O problema é o ritmo. Cada documento demora, cada pedido esbarra em jurisdição, e a quadrilha troca de número com a mesma facilidade com que troca de chip. Para Seo-joon, esperar significa ver o dinheiro se afastar mais um pouco.

A infiltração na central chinesa

Sem aceitar esse atraso, Seo-joon toma a decisão mais cara do filme: infiltrar-se na operação na China como candidato a operador. Ele procura intermediários, assume uma identidade falsa e entra num ambiente em que a menor hesitação vira suspeita. A motivação é pragmática, chegar ao centro de comando e entender o caminho do dinheiro, do telefonema ao saque. O obstáculo é imediato e físico: checagens, ameaças e uma hierarquia que controla comida, sono e circulação. Ao entrar, ele ganha acesso e perde proteção, porque qualquer deslize vira punição exemplar.

Lá dentro, o crime funciona como expediente. Mesas. Headsets. Quadros com metas. Supervisores. Roteiros impressos. Troca de turnos. Punições. Um setor liga, outro confirma, outro manda transferir. Quando a vítima hesita, a ordem é segurar na linha. Quando a vítima cede, a ordem é acelerar. Seo-joon decide observar antes de mexer em qualquer coisa. A motivação é aprender o fluxo sem chamar atenção. O obstáculo é a vigilância, com câmeras e fiscais cobrando resultado a cada ligação.

Pro Kwak aparece como gestor de voz e de logística. Ele decide quais personagens o operador vai encenar, de “advogado” a “gerente”, e como a conversa deve apertar o alvo. Ao mesmo tempo, coordena sacadores, cambistas e quem apaga rastros, numa rotina que mistura promessa de bônus e ameaça. A escala vira um inimigo: muita gente na sala significa vazamento, indisciplina, erro. O filme coloca essa tensão nas disputas internas, com o supervisor Cheon pressionando por rendimento e com Kkang-chil, hacker, oferecendo atalhos digitais em troca de proteção.

Pro Kwak aperta o cerco interno

Quando o infiltrado tenta transformar observação em prova, a organização reage. Seo-joon decide forçar uma falha, cortando energia em parte do prédio para ganhar minutos e escapar do olho dos supervisores, ou melhor, para criar confusão suficiente para um operador comum desaparecer sem ser notado. O plano não resolve a vida dele; só desloca o perigo. O obstáculo vira a checagem interna, que procura culpados e mede quem se movimentou demais. Pro Kwak decide aplicar um teste silencioso, exigindo um resultado impossível para expor o desespero de quem está marcado.

Com a polícia, o relógio também aperta. Lee Kyu-ho decide acelerar uma operação possível, mesmo com informação incompleta, porque qualquer pista do lado de dentro pode sumir na próxima mudança de endereço. A montagem encosta as duas linhas sem anúncio, fazendo uma ordem dita no call center ecoar como anotação na Coreia. O som dá o tom do risco: pausas longas, respirações controladas, um chiado que encobre ameaça. Seo-joon tenta sair com algo concreto e percebe que a porta mais próxima costuma ser a mais vigiada.

Filme: Linha Cruzada
Diretor: Gok Kim e Sun Kim
Ano: 2021
Gênero: Ação/Crime/Drama
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★