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O filme de ação mais “gente grande” do Prime Video agora: adrenalina com inteligência — e zero cena jogada fora Divulgação / Amazon Prime Video

O filme de ação mais “gente grande” do Prime Video agora: adrenalina com inteligência — e zero cena jogada fora

Em 2018, no sul do Afeganistão, John Kinley comanda um destacamento em patrulhas que alternam inspeções de estrada e incursões rápidas. Em “O Pacto”, Jake Gyllenhaal contracena com Dar Salim e Antony Starr sob direção de Guy Ritchie, e o conflito central nasce quando um sargento decide retribuir a vida salva por seu intérprete, mesmo que isso o devolva ao território inimigo.

Depois que o intérprete anterior morre numa ação, Kinley escolhe aceitar Ahmed como substituto, apesar da desconfiança do grupo. A motivação é objetiva: sem alguém que traduza e leia o ambiente, a unidade se move às cegas. O obstáculo vem em duas frentes, o ressentimento dos soldados e a reputação de Ahmed, visto como homem de passado duvidoso. O efeito imediato é um convívio tenso, feito de ordens curtas, respostas contidas e um trabalho que começa por necessidade, não por amizade.

Kinley decide levar Ahmed a uma missão que pretende localizar depósitos do Talibã e cortar rotas de armas, apostando que a ofensiva vai compensar o risco. Ahmed, por sua vez, decide falar o mínimo e observar o máximo, medindo cada conversa com moradores e cada hesitação dos aliados locais. O obstáculo é a informação quebrada: rumores se contradizem, sinais de ameaça são discretos, e a confiança entre os dois ainda é frágil. O efeito é um jogo de antecipação em que um detalhe de linguagem pode salvar ou condenar, e o silêncio entre os dois vira ferramenta.

A emboscada e a travessia com o sargento ferido

Quando a emboscada acontece, a guerra entra sem aviso num vale estreito e reduz as escolhas a instinto. Kinley reage para abrir passagem, mas termina gravemente ferido e perde o controle do próprio corpo. Ahmed decide não abandoná-lo, amarra o sargento ao que encontra e o arrasta por estradas de terra, ravinas e casas vazias, sempre buscando sombra e água. O obstáculo é a caçada que se forma atrás deles e o peso físico do homem que ele carrega. O efeito é uma travessia longa, em que cada parada compra segundos e cada atalho cobra força.

De volta, Kinley enfrenta a burocracia

Salvo, Kinley desperta fora do combate com lacunas na memória recente e uma pergunta que não cabe em relatório. Ele decide localizar Ahmed e cumprir a promessa de retirá-lo do país, porque entende que a vida que recebeu tem custo e nome, ou melhor, tem rosto e família. O obstáculo é o que vem depois da ação: formulários, telefonemas, reuniões e um corredor de negativas que empurra a responsabilidade para outra mesa. O efeito é uma indignação que cresce até virar decisão prática, abandonar o conforto e voltar.

Sem apoio oficial, Kinley escolhe retornar ao Afeganistão e contratar um intermediário para chegar à área onde Ahmed se esconde. A motivação não é épica; é insistente, como quem tenta corrigir um erro antes que vire sentença. O obstáculo é a falta de proteção: cada deslocamento depende de pagamento, cada parada exige negociação, e a qualquer momento alguém pode vender a informação. O efeito é uma segunda rota, mais solitária, em que Kinley troca o controle do pelotão por uma sucessão de apostas.

Estrada estreita e decisões sob ameaça

A estrada estreita. O carro balança. A poeira entra. Ele confere a arma. Ele espera o contato. Ele desconfia do motorista. O obstáculo não é só o Talibã; é a distância entre uma decisão e sua consequência, medida em quilômetros e em silêncio. O efeito é a sensação de que o tempo se distorce: uma hora dura um dia, um dia termina em minutos.

Ao se aproximar de Ahmed, Kinley decide não recuar diante do risco visível, porque sabe que o intérprete está marcado. Ahmed precisa decidir se acredita nessa volta, já que aprendeu a desconfiar de promessas feitas em nome de bandeiras distantes. O obstáculo é que agora não basta chegar; é preciso sair, atravessar território controlado por homens armados e proteger quem está junto. O efeito é um deslocamento sob pressão, em que a rota muda por atalhos, subornos e portas que se fecham.

Ritchie filma a guerra como corredor e porta baixa

Ritchie filma essas idas e vindas com cortes secos e uma atenção constante a espaços apertados, como se o mundo todo fosse corredor e porta baixa. Nas perseguições, a montagem encurta a percepção de distância e prende o espectador ao fôlego de quem corre sem mapa confiável; nas esperas, o som de motores, rádios e cães toma a frente e avisa que o perigo está perto mesmo quando não aparece. O obstáculo dramático é sempre decidir rápido com pouca informação. O efeito é um filme mais interessado em clareza e tensão do que em esperteza de estilo.

A secura com que a história trata lealdade evita discursos e empurra escolhas. Kinley insiste porque se vê responsável; Ahmed hesita porque sabe o preço de confiar; o entorno cobra em dinheiro e ameaça. O obstáculo é ao mesmo tempo humano e político, feito de promessas que caducam e de vinganças que não caducam. O efeito é uma parceria que se constrói andando, escondendo e negociando, com dois homens avançando sem garantia, sustentados apenas pelo que decidiram não abandonar.

Filme: O Pacto
Diretor: Guy Ritchie
Ano: 2023
Gênero: Ação/Drama/Guerra/Thriller
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★