A Academia Brasileira de Escritores (ABRESC) realiza amanhã, na Unibes Cultural, em São Paulo, cerimônia de posse de dez novos imortais e de 36 chanceleres. A solenidade, marcada para as 19h, será acompanhada por um seminário sobre direitos humanos, memória e justiça social, realizado durante a tarde. A direção da entidade afirma que a ampliação do quadro de membros faz parte de uma estratégia de consolidação nacional e de aproximação com outros países de língua portuguesa.
Fundada em 2011 em São José do Rio Preto (SP), a ABRESC surgiu a partir da Escola de Escritores, projeto voltado à formação de autores iniciantes e profissionais do mercado editorial. O editor e jornalista João Paulo Vani, ligado ao Grupo Editorial HN, coordenava oficinas, leituras críticas de originais e atividades de capacitação para escritores na região Noroeste paulista. Com o crescimento da rede de participantes, o grupo decidiu converter a iniciativa em academia, com 40 cadeiras vitalícias.
A instituição declara como missão formar leitores e fortalecer a literatura brasileira, com ênfase na publicação de novos autores e na circulação de livros em parceria com instituições públicas e privadas. Em 2018, realizou a primeira grande outorga, preenchendo 20 cadeiras com escritores, professores, editores e profissionais da área de educação e cultura. A posse de amanhã é o segundo movimento de expansão. As dez cadeiras restantes devem ser preenchidas em 2027, quando ocorrerá também a primeira substituição de um imortal falecido, o professor Aguinaldo José Gonçalves.

A programação começa às 14h30, com o seminário “Cartografias da Dignidade: Direitos Humanos, Memória e Justiça Social”. A conferência de abertura será ministrada por Nancy Rozenchan, professora e pesquisadora, que tratará de literatura hebraica, deslocamento e ética da dignidade. Estão previstas mesas sobre memória como forma de justiça social, relações entre história e literatura e relatos de existência em contextos de perseguição e violência. Participam das discussões, entre outros, Marina Costin Fuser, Maria Luiza Tucci Carneiro, Lyslei Nascimento e João Paulo Vani.
A solenidade de posse está prevista para o início da noite, no mesmo auditório. Os convocados para ocupar as dez cadeiras são a professora Célia Regina Cavicchia Vasconcelos; o poeta moçambicano Amosse Mucavele, que assume a função de embaixador cultural da ABRESC em Moçambique; a pesquisadora e ensaísta Lyslei Nascimento; a professora e pesquisadora Nancy Rozenchan; o escritor angolano João Rosa Santos, que será embaixador cultural em Angola; a escritora e editora Tainá Corrêa; a monja zen-budista Monja Coen; a jurista e escritora cabo-verdiana Vera Duarte, embaixadora cultural em Cabo Verde; a professora Denise de Abreu e Lima; e a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro.
De acordo com a diretoria da academia, a configuração foi pensada para combinar produção literária, pesquisa acadêmica, atuação em direitos humanos e cooperação internacional. A presença de autores de Moçambique, Angola e Cabo Verde é apresentada como parte de uma estratégia de fortalecimento de vínculos com países africanos de língua portuguesa. A inclusão de pesquisadoras ligadas à memória do Holocausto, a estudos sobre violência de Estado e a temas de justiça de transição é citada pela instituição como forma de aproximar literatura e debate público.
Além dos imortais, serão empossados 36 chanceleres, responsáveis por representar a ABRESC em diferentes regiões e áreas temáticas. Esses chanceleres deverão articular ações com escolas, bibliotecas, projetos sociais e instituições culturais, além de colaborar na realização de eventos, publicações e programas de formação de leitores. Entre eles está Marina Costin Fuser, que acumulará a função com a Diretoria de Direitos Humanos, criada para coordenar projetos específicos nessa área e manter diálogo com órgãos públicos e organizações da sociedade civil.
Em seus documentos e apresentações, a ABRESC indica três frentes principais de atuação. A primeira é a formação, com cursos, seminários, encontros e ações voltadas a professores, mediadores de leitura e público em geral. A segunda é a circulação de obras e autores, por meio de antologias, projetos editoriais, participação em feiras e festivais e parcerias com centros culturais no Brasil e no exterior. A terceira é a participação em discussões sobre políticas de leitura, direitos humanos, memória e educação.
A entidade enfrenta dificuldades para manter atividades regulares em um cenário de restrição orçamentária na área cultural. Até agora, a academia se sustentou principalmente com o pagamento de anuidades por parte de um grupo reduzido de membros e com apoio do Grupo Editorial HN. A formalização como associação civil, em andamento, é vista pela diretoria como condição para disputar editais, firmar convênios e buscar novas fontes de financiamento para projetos de maior porte.
Com a posse dos novos imortais e a instalação da rede de chanceleres, a ABRESC tenta consolidar a imagem de academia jovem, com presença em diferentes estados e vínculos em países africanos de língua portuguesa. Integrantes da entidade afirmam que a combinação entre cadeiras vitalícias, projetos de formação e ações ligadas a direitos humanos é o diferencial em relação a outras instituições congêneres. O evento na Unibes Cultural é apresentado pela direção como etapa importante desse processo de consolidação.
O seminário e a cerimônia de posse serão realizados na sede da Unibes Cultural, na zona oeste de São Paulo. A participação é gratuita, condicionada à inscrição prévia e à capacidade do espaço.


