A comédia mais esperada da Netflix em 2025 estreou — e está todo mundo assistindo Divulgação / Netflix

A comédia mais esperada da Netflix em 2025 estreou — e está todo mundo assistindo

O amor é o território onde floresce o inesperado. Há algo de surpreendente na forma como o amor chega, desfazendo planos, alterando prioridades e revelando-nos um lado nosso que nem sabíamos que existia. O verdadeiro amor é ridículo, nunca se submete a expectativas, despreza a razão e, o principal, ignora as diferenças. O romance entre uma estudante americana e um professor britânico é um dos assuntos de “Meu Ano em Oxford”, outra das comédias do gênero garota-encontra-garoto, cujo recorte melancólico do diretor Iain Morris segue uma tendência que há algum tempo caiu no gosto de certo público. Adaptado do best-seller homônimo de Julia Whelan, o roteiro de Alison Burnett e Melissa Osborne a todo instante frisa que se trata de um caso de duas pessoas cultas, bem-nascidas e determinadas, que levam seu sonho às últimas consequências. O que parece edificante não tarda a ficar insípido como um bolo de cujo recheio não envolve toda a massa.

Quase sempre é necessário que larguemos tudo, abandonemos a vida que gostosamente levávamos, sintamo-nos livres para refazer curvas de nossa trajetória e só assim consigamos acessar o lado mais obscuro de nosso espírito, tudo para que encontremos a passagem mística entre nossa pobre carne e a transcendência. Anna De La Vega nunca escondeu que não sossegaria enquanto não fosse para Oxford, a mais antiga universidade do mundo anglófono e a segunda mais antiga da Europa, na cidade britânica de mesmo nome (mas por quê?). Ela consegue uma bolsa de estudos de doze meses e deixa o Queens, o maior bairro de Nova York, para misturar-se aos habitantes ensimesmados de seu novo paradeiro — sem que nem ela, nem eles estranhem nada. O primeiro dia de aula, claro, corre como ouro sobre azul, até ela saber que a professora Styan, seu ídolo, a mulher que a inspirou a cruzar o Atlântico, assumiu a coordenação e não será mais a responsável pela turma de poesia vitoriana. 

Styan é substituída por Jamie Davenport, um jovem mestre em literatura, que ela conhecera no dia anterior em circunstâncias quase trágicas. Desde o primeiro momento, Jamie mostra-se decidido a conquistar a moça, embora não resista a um rabo de saia, de tal forma que precisa submeter-se ao ridículo de fugir de uma ex-pretendente. Ele tenta afastar a má impressão pedindo que sua aluna leia Edna St. Vincent Millay (1892-1950), na cadência original de uma compatriota da poetisa, não obstante tenha sugerido preferir Henry David Thoreau (1817-1862). O que vai se desenrolando até a derradeira cena, argumento explorado com muito mais profundidade e sucesso em produções a exemplo de “A Cinco Passos de Você” (2019), dirigido por Justin Baldoni, ou “A Culpa É das Estrelas” (2014), levado à tela por Josh Boone, é constrangedoramente previsível, por mais que o diretor esmere-se em capturar imagens líricas das praias e campos verdejantes que emolduram a beleza de Sofia Carson e Corey Mylchreest, o casal de protagonistas, acomodados nos mesmos papéis.

Filme: Meu Ano em Oxford 
Diretor: Iain Morris
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 6/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.