Os 4 livros que Virginia Woolf carregava na bolsa

Os 4 livros que Virginia Woolf carregava na bolsa

Virginia Woolf sabia que o tempo não era linear, mas ela ainda o dividia em hábitos. Caminhar pela cidade, interromper uma frase no meio, reler o mesmo parágrafo por três dias seguidos. Talvez por isso, ao sair, levasse consigo livros que não cabiam exatamente no bolso, mas que faziam parte do seu peso. Ela dizia que um bom livro não é aquele que nos convence, mas aquele que nos desarma. E andava desarmada por dentro, mas com olhos afiados demais para parecer frágil. A imagem da escritora atravessando Bloomsbury com um livro na bolsa talvez não diga muito sozinha. Mas, ao olhar de perto, é possível encontrar ali uma espécie de sistema nervoso portátil. Não se tratava apenas de gosto literário. Havia afinidades formais, exigências filosóficas, ruídos internos. Austen estava lá, não como conforto, mas como forma de precisão. Chekhov não ensinava, mas permitia ver. E Tolstói era um peso bom, desses que justificam o gesto de sentar-se no meio de uma caminhada só para reler um parágrafo. Woolf não era a favor da leitura por formação. Preferia a leitura por escuta. Lia para ouvir o que ainda não estava claro. E carregava os livros como quem carrega perguntas. Não queria soluções, queria companhia. Não há como saber com certeza o que estava dentro da bolsa, mas sabemos o que ela mantinha por perto. O que voltava, o que incomodava, o que pedia escrita. Esses livros não influenciaram diretamente sua obra. Eles a atravessaram. O verbo é outro.

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