10 livros brasileiros recentes que ninguém quer admitir que abandonou na metade

10 livros brasileiros recentes que ninguém quer admitir que abandonou na metade

Vamos encarar os fatos: abandonar um livro é uma arte tão silenciosa quanto um peido no elevador. A gente finge que nada aconteceu, mantém a coluna ereta e continua falando sobre a “força da escrita” com aquela cara de quem chegou ao epílogo com lágrimas nos olhos, e não parou em 23% no Kindle. Todo mundo tem aquele título que jurou amar, só não teve tempo ainda de terminar, há quatro anos. Não importa se foi por cansaço, confusão, narração experimental ou pura e simples distração (a geladeira piscou, né?), o importante é manter a pose. Porque admitir que largou um romance premiado é quase tão embaraçoso quanto confessar que dormiu no meio do discurso de posse da ABL.

E sejamos justos: muitos desses livros são bons, às vezes até bons demais. Eles exigem de nós uma dedicação quase religiosa, um espírito contemplativo, uma disposição para atravessar as 300 páginas como quem atravessa o sertão: com fé, sede e areia nos olhos. Às vezes, o problema não é a história, mas o excesso de ambição estética, o experimentalismo esticado até a última vírgula, ou aquela estrutura que te faz se perguntar se o problema é com o livro ou com seu QI. Ninguém quer parecer burro. Então a gente culpa “o momento”, “a agenda corrida” ou “a pilha de leituras obrigatórias”. E seguimos repetindo que vamos retomar a leitura assim que der. Mentira. Nunca vai dar.

Esta lista é um tributo a essas obras intensas, complexas, cansativas, brilhantes e, em alguns casos, impenetráveis como as instruções de uma cafeteira em coreano. São livros que dividiram leitores, desafiaram críticos e venceram prêmios, mas que muita gente largou na metade sem jamais ousar admitir. Aqui, fazemos o serviço sujo: colocamos luz sobre esses abandonos secretos. Não para humilhar ninguém, mas para provar que até o leitor mais exigente tem seu calcanhar de Aquiles literário. A diferença é que agora ele está listado, com capa, autor e ano. E você pode finalmente respirar aliviado: não foi só você.