10 livros sobre maternidade — e o vazio que um bebê reborn tenta preencher

10 livros sobre maternidade — e o vazio que um bebê reborn tenta preencher

O instinto nem sempre vem. E quando vem, às vezes, fere mais do que salva. Há mães que nunca quiseram sê-lo. Há mães que quiseram — e não puderam. Outras tentaram, mas não souberam como. E há, ainda, aquelas que inventaram formas estranhas, improvisadas, surreais de maternar: um berço vazio, um boneco de vinil, um nome murmurado no escuro. Nem sempre é loucura. Às vezes, é só dor que virou gesto.

A maternidade — real ou simbólica — é uma experiência que ultrapassa a biologia. E também não cabe na idealização, nessa figura cansada da mulher plena, realizada, sorridente com um bebê no colo. Quantas, depois do parto, se viram estrangeiras dentro do próprio corpo? Quantas se calaram para não assustar? Quantas disseram: não aguento mais? E foram julgadas, abandonadas, culpadas por isso? Aquelas que seguram um bebê reborn nos braços talvez não estejam fingindo nada. Talvez estejam nomeando, com as mãos, um luto sem nome. Um espaço sem forma. Um grito sem som.

É possível cuidar do que nunca existiu? É possível amar o que não responde? E, sobretudo — é possível reconhecer-se mãe de algo que não vive? Há perguntas que não se fazem em voz alta. Por isso os livros. Por isso a ficção. Porque ela pode ir onde o discurso racional tropeça. Porque ela não precisa resolver — basta que acompanhe.

Essas histórias, escritas por mulheres que arriscam dizer o que quase nunca se diz, não romantizam, não explicam, não diagnosticam. Apenas habitam — com palavras, com coragem — esse intervalo estranho entre o corpo e o desejo, entre a presença e a perda. Um lugar onde o silêncio pesa mais do que o choro, e o vazio se apresenta com rosto, roupa e nome.

Não se trata de entender o bebê reborn. Mas de entender quem o segura. E, nesse gesto, vislumbrar o que falta — e o que ainda, apesar de tudo, insiste em pulsar.

Tainá Corrêa

É publicitária.