Crônicas

‘Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado’

‘Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado’

O amor é um encontro entre quereres. Quando um não quer, dois não amam. É triste quando alguém se convence que é possível amar por dois. O coração maltrapilho se ilude a vestir, todos os dias, sua fantasia de ser-amado. Persiste em dançar sem se dar conta de que a festa acabou. Cadeiras empilhadas, música desligada, luzes apagadas. Não há mais uma alma viva no salão. É… o coração não sabe ainda, mas está em plena quarta-feira de cinzas.

Você é livre?

Um dia ainda vou morar numa casa à prova de medos. Será um casebre de pavimento único edificado com madeira pedra e tempo de sobra. As horas sofrerão de ansiedade enquanto eu rio e deságuo. E por falar em doce vingança serei despertado logo de manhã pelos pingos de uma rápida chuva de verão que vai tilintar dentro de um prato-esmaltado-que-se-come-frio esquecido propositadamente do lado de fora.

Que me perdoem os solitários, mas é impossível ser feliz sozinho

É impossível ser feliz sozinho… Já dizia Tom Jobim. Ninguém passa por essa vida sem um amigo, sem alguém para dividir momentos, o peso dos fardos e a leveza dos sorrisos. Você já reparou? Nenhuma história se faz com apenas um personagem. Eu li certa vez sobre uma pesquisa que apontava pessoas solitárias como as mais inteligentes. Que sejam. Eu sei que felicidade é uma virtude para todos, e que só é possível alcançá-la quando nos seguramos em outras mãos.