Crônicas

Será falta de fair play arrancar sua cabeça e usá-la como bola?

Será falta de fair play arrancar sua cabeça e usá-la como bola?

Isso aqui não é a Reader’s Digest. Leitores sem estômago para a leitura devem sair agora ou se calar para sempre (pelo menos, até o último parágrafo). Vou começar escrevendo como faria um velho escriba que não sou. Provenho de uma época em que se jogava futebol na rua, rachas no terrão do lote baldio ou cu-de-boi sobre a laje fria de uma sepultura (juro pelas chagas de Cristian & Ralf), descalço, chutando qualquer coisa que fosse redonda, inclusive uma bola de cobertão, que era mais bem tratada que uma mulher: com muito carinho, cuspe no bico e sebo de vaca nos gomos.

Faça o bem, em silêncio

Faça o bem, em silêncio

Um vídeo no Facebook despertou minha atenção: no metrô, um grupo filmou o amigo cedendo o lugar para uma idosa. Até aí, tudo bem — mesmo sendo um direito da senhora, não custa nada ser gentil. Porém, ao final do vídeo, o bom samaritano vai ao encontro dos amigos e é recebido com festa. Seu gesto foi celebrado como um feito heroico!

Como se tornar o idiota da selfie

Como se tornar o idiota da selfie

Enquanto seguro meu garfo cheio de um suculento macarrão, me belisco e olho para o lado, apenas para checar se aquele momento de divindade gastronômica é real. Imediatamente desejo não ter me virado. A cena bizarra se repete novamente: uma moça bonita aciona a câmera frontal do celular e o estica frente a seus seios fartos, realçados por um vestido a vácuo, enquadrando-os junto a um prato de sobremesa. Ao longo da última hora, aquele deveria ser o quinquagésimo autorretrato (sou do tempo em que “fotinha” era retrato).

Para ser feliz, curta o lance de viver

Para ser feliz, curta o lance de viver

Certa vez, um paciente me falou que queria parar de tomar todos os seus remédios, pois estava cansado de engolir diariamente os comprimidos da pressão alta, do diabetes, do colesterol e do hipotireoidismo. Após explicar-lhe a importância de seguir o seu tratamento, perguntei por que ele estava pensando nisso. “É difícil ser feliz com tantos problemas”, ele me respondeu.