Autor: Eberth Vêncio

10 canções que vão te fazer chorar. Ou não

10 canções que vão te fazer chorar. Ou não

Estou piorando um pouco mais a cada dia, é verdade, e espero não parar tão cedo, para poder chorar em paz, sem amarras, sem melindres, sem fazer conta do tempo, de repente, nas horas mais incertas, movido pelo som de um instrumento ou da voz humana, a cantarem dentro de mim. Segue abaixo uma lista de 10 canções que poderão lhes fazer chorar. Ou não. Isso é lá com vocês. Cada um com seus problemas. Eu choraria se não fosse tão tolo.

Você não é especial

Você não é especial

Ontem vivi um dos meus piores dias. Eu li certas coisas a meu respeito que me puseram no chão. Drummond, o poeta, pra mim, é quase um tio, e já tinha alertado quanto às pedras do caminho. Não custava ter falado também dos buracos. Penso que caí num deles. Perdi uma amizade. Foi assim que a encontrei.

As coisas incríveis que o dinheiro tenta mas não compra

As coisas incríveis que o dinheiro tenta mas não compra

Comprei um deputado federal e ganhei de troco uma noite inesquecível com uma moça cujo nome não me recordo. Dane-se. Elas jamais usam os seus nomes verdadeiros quando estão a trabalho. Eu me amarro em toda espécie de mimo que rola na esplanada. O ser humano, vocês sabem, é movido a reconhecimento em busca do poder. Caixões não possuem gavetas, é o que dizem. Que azar.

Sempre sonhei em matar um homem num duelo justo

Sempre sonhei em matar um homem num duelo justo

A partir de agora, é cada um por si. Pelo andar da carruagem na Câmara dos Caubóis — ou melhor, na Câmara dos Deputados — voltaremos a fazer a boa e velha justiça com as próprias mãos. Após muita negociação e chantagem, sob um nauseabundo cheiro de pólvora, enxofre e dólares furados remetidos pelo consórcio de indústrias de munição, formol e algodão-para-narinas, a bancada do meu-ódio-será-sua-herança aprovou um revestrés na Lei do Desalmamento — quer dizer, Lei do Desarmamento. Será permitido vender a alma ao diabo sem fornecer recibo, cuspir marimbondos no passeio público, dar tapinhas no traseiro fofo das moças bonitas e carregar revólveres na cintura.

O amor no tempo do buraco na camada de ozônio

O amor no tempo do buraco na camada de ozônio

Parece piada, mas, não é. Conheceram-se no enterro de um anão em Itu. Nenhum dos dois sabia nada do morto, a não ser que era um sujeito pequeno. Por isso, estavam ali. Tinham em comum o interesse incomum de comparecer aos velórios de criaturas humanas pitorescas. Vai entender cabeça de gente. Apesar de cultos, tinham dessas perturbações. E não tinha psicanálise no mundo que desse jeito naquilo.