Autor: Lara Brenner

Se for pra ter um amor, que ele tenha olhos de ressaca

Se for pra ter um amor, que ele tenha olhos de ressaca

Não dá para viver de meias medidas, foi o que concluí depois de uns goles de vinho barato. Se a bebida fosse boa, talvez tivesse me mantido na humildade fabricada dos muito abastados. Mas há dias em que se está mais corajoso que o normal. Dias em que metas são traçadas e sonhos são sonhados. Tudo sem muita modéstia, tem dias em que se acorda para ser grande.

O desafio de achar graça na própria vida e deixar de acreditar que a do outro é melhor

O desafio de achar graça na própria vida e deixar de acreditar que a do outro é melhor

Com o tempo, percebemos que não há semideuses, isso é uma grande bobagem. Tudo o que existe são pessoas que, em maior ou menor grau, lutam contra suas limitações e procuram extrair o melhor da vida. O maior desafio é conseguir enxergar que felicidade pode residir também na regularidade. É perceber que filme e pipoca podem trazer tanta plenitude quanto se acabar numa balada chique com um copo de champanhe na mão. É possível viajar o mundo em hotéis 5 estrelas e, ainda assim, sentir-se infeliz, enquanto um churrasquinho modesto com cerveja aguada e bons amigos pode render a mais genuína plenitude. Porque ser feliz depende muito mais do leitor do que da leitura.

Acredite: é bom pensar na velhice enquanto você ainda é jovem

Acredite: é bom pensar na velhice enquanto você ainda é jovem

Não somos preparados para a morte. Aqui por essas bandas ocidentais, morrer parece não fazer sentido, embora seja a única certeza que de fato se tenha em vida. A ideia de ter a existência findada aqui na Terra causa terror e parece especialmente desnecessária quando — espera-se — ainda se está a tantos anos de seu atingimento. Se a morte é um mau agouro ao qual não vale a pena dedicar energia, que dirá a fase moribunda que a precede.

O que você fala nem sempre (quase nunca) é o que o outro entende

O que você fala nem sempre (quase nunca) é o que o outro entende

Desde cedo, descobri — da forma mais curiosa possível — que não vemos as cores da mesma forma. Até hoje ainda acho muita graça quando discuto com minha querida mãe sobre cores que transitam entre laranja, rosa e vermelho. Minha paleta é imensa, vejo rosa-bebê, pink, fúcsia, vinho, ocre etc. As nuances dela também são várias, mas nunca batem com as minhas quando estamos nesses tons. Se vejo pêssego, ela vê rosa-chá, se vejo amadeirado, ela vê vinho claro. Geralmente, terminamos o assunto rindo (e com certa pena uma da outra), já que reciprocamente nos consideramos daltônicas. Jamais saberemos qual das duas nasceu com defeito de fábrica.