Autor: Lara Brenner

Ode às humildes paroxítonas

Ode às humildes paroxítonas

Paroxítonas são a grande parte das palavras da Língua, força poderosa que define quase tudo o que dizemos e escrevemos. Imenso conjunto, mas pouco unido, plebe rude e talentosa que volta e meia abre mão de seus direitos em prol de oxítonas blasés (essa inodora classe do meio) e áticas proparoxítonas (essas políticas idílicas no Congresso do nosso léxico).

O culto ao corpo e o atrofiamento dos cérebros bombados

O culto ao corpo e o atrofiamento dos cérebros bombados

Dando-se uma volta de três minutos no banheiro de alguma das (milhares de) academias por aí, tudo o que se ouve são projetos. O negócio parece escola de engenharia, até que se entenda a intenção por trás das falas: projeto-verão, projeto-Cancun, projeto-noiva, projeto-carnaval… É tanto projeto que Niemeyer morreria — de novo — de inveja. Uma voltinha nos aparelhos e já se pode produzir um artigo científico sobre termogênicos, esteroides, repositores energéticos, proteínas, vitaminas, pró-hormonais e hormônios.

A personalidade das palavras

A personalidade das palavras

Palavras têm personalidade, são voluntariosas, não se engane. Emprestam-nos seus corpos, mas os tomam quando querem. É preciso respeitá-las, e amá-las, e conhecê-las. São donzelas e senhoras que nos concedem danças honrosas e melífluas, mas, se irritadas, nos ferem o âmago com retumbantes faniquitos.