As distopias estão na moda. E não apenas na política, mas também na literatura, veja você. Pode ser apenas masoquismo do leitor, mas também pode ser um ciclo autodestrutivo. Primeiro a pessoa lê ficções sobre lugares e tempos horríveis. Depois elege gente capaz de transformar a realidade em alguma coisa mais estranha do que a ficção.
O longa-metragem “Marighella” (2021), de Wagner Moura, por exemplo, é apenas o mais recente produto da batalha narrativa sobre o período político brasileiro de 50 anos atrás. No meio de tanta produção, o escritor Milton Hatoum começou em 2017 a publicação de uma trilogia de romances, chamada de “O Lugar Mais Sombrio”, que é um marco da reflexão na literatura contemporânea a respeito daquele período.
Como tem sido frequente, Chico Buarque apareceu este ano sem avisar com um livro novo, “Anos de Chumbo e Outros Contos”. É mais uma obra para incomodar e trazer o olhar perplexo do autor para as coisas do mundo e do Brasil. Não há refresco para leitores e leitoras nas oito histórias que viram de cabeça para baixo o presente do país, incluindo o tema da pandemia. Tudo isso na forma buarqueana de escrever prosa, já conhecida desde o romance “Estorvo” — que está com nova edição comemorativa de 30 anos.
Chico Buarque lançou, em 2021, o ano que não existiu, seu primeiro livro de narrativas curtas: “Anos de Chumbo e Outros Contos”. Sem dúvida, seu melhor trabalho na literatura. Melhor livro ou único bom livro? Polêmica no ar e esse vídeo, do canal no Youtube da Revista Bula, não foge das implicações.
A pobreza do cenário feminino na literatura, se comparado à atuação dos homens nesse segmento, fala diretamente à exclusão social imposta à população feminina, um processo invisível, de detecção complexa e resolução ainda mais nebulosa. Havia no mundo todo — e, por óbvio, também no Brasil — as que não se conformavam com tal afronta a suas liberdades mais básicas, subiam no salto e iam à luta. A Bula apresenta dez autoras brasileiras cujas obras são de vital importância a fim de se compreender (e, com razão, se apreciar) a literatura nacional produzida por escritoras mulheres, de Cíntia Moscovich a Ana Miranda, passando por Fernanda Torres e Giovana Madalosso.
