Crônicas

A saudade mais honesta é a do que nunca existiu de verdade

A saudade mais honesta é a do que nunca existiu de verdade

Acontece com todo mundo. Você está lá, como toda gente se equilibrando entre sua pequena multidão de afazeres, levada pelo fluxo impiedoso de seus eventos diários, na correnteza involuntária de um dia depois do outro, e sobre sua testa chuvisca um sentimento inesperado. Sem susto, você o reconhece de pronto. Ele é um velho e íntimo sentimento familiar. É a saudade do que você nunca viveu.

Woody Allen e Heidegger: Morte aos monstros!

Minha tese é que Mia Farrow é uma pessoa profundamente perturbada (bioquímica e neuropatologicamente mesmo) e machucada, que não hesita em trazer os outros para dentro de sua espiral egocentrada. Dory Previn, Barbara Sinatra, Ronan, Dylan, Soon-Yi, Woody são todos moscas presas em sua teia psicótica. Posso estar errado? Posso. Mas acho que não.

Das coisas que deixamos para trás e a vida que vem pela frente

Das coisas que deixamos para trás e a vida que vem pela frente

Na sala de sua casa agora há só as quatro paredes brancas, lisas, sem os quadros e o espelho e os poucos móveis que ali moravam. Ele olha num canto e não enxerga o velho sofá branco que seu filho amava transformar em cama para encher de farelo de salgadinho. O sofá branco e barulhento que abriu os braços a tanta gente amada. E que teve como último hóspede um velho amigo que o visitara de madrugada, eles se sentaram ali e beberam a cerveja fresca e a saudade morna de tempos vencidos.

Será que você é medíocre?

Será que você é medíocre?

Para mim, o uso do significado de medíocre que, em sua origem, significa mediano, é um tanto questionável. Na vida das pessoas, a mediocridade pode ser uma aventura, pois é o que relatam — para cada pessoa um pequeno dilema pode ser monstruoso aos olhos de quem o vive. Parece ser por isso que ninguém se aventura a compartilhar o prazer da imaginação de outro. Tenho certeza que daqui para frente, nada é novo no dito.