Crônicas

Tanto faz

Tanto faz

Quase na entrada da estação do metrô ouço a voz rouca e empostada que desafia a mesmice do início da noite: “A tristeza é a morte do assalto celestial”. No vão central da praça o dono da voz, um mendigo de meia-idade, age como se fosse um imperador romano que enlouqueceu no último ato. Dramático, o soberano dá passos lentos, faz paradas repentinas e, sem ninguém esperar, estufa o peito, ergue o queixo e repete, imponente: “É a morte do assalto celestial!”

Por que as mulheres amam mais que os homens?

Por que as mulheres amam mais que os homens?

O que esperar de um novo amor? Alguém delicado e incrível que vai fazer você se sentir importante, até que a rotina maçante, finalmente, os separe? Um desconhecido com quem ser feliz para sempre? As relações humanas são estranhas; muitas vezes, permeadas de violência e tristeza. Começam com giros nas entranhas, confissões bisonhas, buquês de flores na mão. Podem acabar com rosas fúnebres sobre um caixão. Nem precisa me dizer: eu sei que esse viés soa mórbido. Amar provoca nos amantes sensações de prazer e desfalecimento.

Não se sinta trouxa pelas expectativas criadas. Geralmente elas nascem de mentiras bem ditas

Não se sinta trouxa pelas expectativas criadas. Geralmente elas nascem de mentiras bem ditas

O mantra atual é o de que ninguém pode ser responsabilizado pelas expectativas alheias. É a regra do “cada um por si” que privilegia o não apego e, sobretudo, a ausência de comprometimento com o outro. Seria insano defender que devemos carregar nos ombros as dores e os sonhos dos que passam pelo nosso caminho e projetam sobre nós seus ideais fantasiosos. Mas arrisco dizer que raramente castelos são construídos sozinhos.

Não é o que você diz. É a forma como diz que estraga tudo

Não é o que você diz. É a forma como diz que estraga tudo

Você certamente já vivenciou isso. Cheio de boas intenções, tentou passar o um recado, dizer algo coerente que ajudasse alguém a se melhorar, mas acabou se embananando todo, perguntando-se repetidamente por que decidiu abrir a boca. Por exemplo, com o tempo, descobre-se que é importante escolher o ângulo pelo qual se passa a mensagem, sem que isso afete sua essência.