Crônicas

Amiga-irmã, amigo de infância, amigo distante, amigo grudento. São eles que remendam o ânimo

Amiga-irmã, amigo de infância, amigo distante, amigo grudento. São eles que remendam o ânimo

Amigo é essa coisa curiosa, que está com você apenas porque quer. Com o tempo, tornam-se mais raros, mas aqueles remanescentes se fortificam na permanência. Amizade é dar a mão e oferecer o braço antes que você saiba que precisa dele. É ser a corda que aparece como um milagre no fundo do poço; o beijo carinhoso no meio dos cabelos que se embranquecem a cada dia; o dedo que desvia o percurso da lágrima; o colo que sempre está ali, mesmo quando não está.

Relações são vias de mão dupla. Quando não negligenciamos o outro, somos agraciados com amor

Relações são vias de mão dupla. Quando não negligenciamos o outro, somos agraciados com amor

Relações são vias de mão dupla. Dificilmente perseveram sem gentilezas mútuas (com exceção de casos em que há prazer na subserviência, apego extremo e dependência emocional). No entanto, até em relações saudáveis é comum que uma das partes caia no erro de esperar demais e retribuir pouco. Há os que acreditem ter o direito de receber carinhos que acalentam o coração no momento de dor.

Eu comeria o seu cérebro

Eu comeria o seu cérebro

Quando nós nos conhecemos, você disse que comeria o meu cérebro. Pensei que estivesse bêbada. Ou drogada. Ou surtada. Ou menstruada. TPM ninguém sabe. Fiquei estupefato. Fui pego de surpresa durante um porre coletivo civilizado num vernissage. Achei o comentário bizarro, pois, levei a coisa toda ao pé-da-letra, no sentido literal. Eu demorei a sacar que aquilo era uma espécie de elogio.

O insistente dilema entre os prazeres de morar fora e a saudade dos que amamos

O insistente dilema entre os prazeres de morar fora e a saudade dos que amamos

É um cabo de guerra. De um lado a possibilidade de descobrir um mundo inexplorado e altamente convidativo. Do outro, o aperto que machuca o peito dos que optam por voar para longe do lar. Quem decidiu — por apreço à liberdade ou por necessidade — construir uma vida a milhares de quilômetros da cidade de origem conhece bem os conflitos que permeiam essa escolha. Algumas vezes há prazer em abrir a janela e enxergar a avalanche de novidades que reaviva a alma dos que trilharam caminho em direção oposta à zona de conforto.

Cantada não é elogio, é assédio

Cantada não é elogio, é assédio

Cantada não é elogio, é assédio. As ocasiões em que me senti coagida ou submetida a humilhações de cunho sexual constatam que ainda há homens que não entenderam que nós, mulheres, não gostamos de olhares constrangedores para nossos peitos e nossas bundas, não queremos ser enxergadas como o “sexo frágil” e detestamos ouvir gritos como “ô gostosa!” ou “delícia!” quando eles fazem parte de cantadas baratas e flertes não correspondidos.