Oldboy: a pedagógica tragédia de Park Chan-wook Divulgação / Neon

Oldboy: a pedagógica tragédia de Park Chan-wook

Há algumas semanas, tive a oportunidade de assistir “Oldboy” em uma tela de cinema. Já havia visto o filme outras vezes, mas sempre pelo computador. A experiência, é claro, foi muito mais impactante. A sala de cinema, com seu breu artificial e seu imponente ecrã, como que convida o expectador a imergir em cada “frame”. Nelson Rodrigues dizia que a cama é um móvel metafísico, onde o homem nasce, dorme, sonha, ama e morre. O mesmo poderia ser dito da poltrona de cinema, com a diferença de que nela esse ciclo se completa ao tempo de uma sessão.

Eu conspiro contra o universo

Eu conspiro contra o universo

Não me casei. Não me casei porque não quis. Perdi o juízo aos 38. Tinha passado incólume pelo ímpeto de me atirar de um tédio sobre os braços invisíveis do esquecimento. Sempre fora uma famosa ninguém, uma célebre em nada, uma PhD em pessimismo e neurastenia. A partir de tal ruptura emocional, a primeira atitude que me ocorreu, enquanto persona desajustada, foi aposentar o relógio de pulso nalgum canto da mobília. Recebera como herança um diagnóstico reservado e o relógio de bolso do meu avô paterno, o qual foi solenemente esquecido num poço insondável da minha memória.

Filme com Liam Neeson acaba de chegar à Netflix, e você vai querer assisti-lo duas vezes Divulgação / Summit Entertainment

Filme com Liam Neeson acaba de chegar à Netflix, e você vai querer assisti-lo duas vezes

Liam Neeson parece ter assumido uma identidade em Hollywood. Com papeis muito similares, ele quase sempre emplaca como um homem vingativo e justiceiro, que leva sua missão às últimas consequências e é capaz de provocar muito mais estragos que sua aparência comum é capaz de demonstrar. Em “Vingança a Sangue Frio” ele veste novamente essa roupagem para dar vida a Nel Coxman, um motorista de trator que realiza limpeza da neve em sua pequena cidade de Kehoe, no Colorado, e é um cidadão exemplar, que decide matar sistematicamente traficantes ligados ao assassinato de seu filho.

Tesouro inestimável do cinema europeu, um dos melhores filmes do ano acaba de chegar na Netflix Daniel Escale / Netflix

Tesouro inestimável do cinema europeu, um dos melhores filmes do ano acaba de chegar na Netflix

Embora eu não tenha assistido ao primeiro filme de Paco Plaza sobre irmã Morte, “Verónica” (2017), sua espécie de preâmbulo para a história, o recém-lançado “Irmã Morte”, é um terror bem consistente e amarrado sobre a personagem que dá nome ao filme, uma noviça chamada Narcisa (Aria Bedmar). Considerada milagrosa durante a infância, Narcisa se muda para um convento quando jovem, onde é confrontada por um espírito ressentido.

“Os Substitutos”, de Bernardo Carvalho, expõe o fim do mundo Divulgação / Pablo Saborido

“Os Substitutos”, de Bernardo Carvalho, expõe o fim do mundo

A boa ficção se preocupa em apenas expor situações e personagens, sem a necessidade de apresentar provas. Quem documenta e busca comprovações são os cientistas e os jornalistas. Ao fazer a exposição da realidade, o artista chega antes dos outros (a ciência, sobretudo) a uma verdade. No Brasil, o escritor Bernardo Carvalho é um dos mestres do jogo ficcional que se aproxima e se afasta do “real”. Ele desconfia do chamado realismo e luta contra a ideia de escrita como registro. “A verdade está perdida entre todas as contradições e os disparates”, escreveu ele no romance “Nove Noites” (2002).