Às vezes, a vida sai um pouco do roteiro, né? — felizmente. É bom termos a oportunidade de nos surpreender de vez em quando, até mesmo em circunstâncias dissaboridas, cujo amargor preferíamos nunca haver precisado experimentar: são elas as que mais nos rendem boas lições. A lista da Bula, no entanto, só tem coisa boa, para não variar.
Os filmes de ficção científica foram se notabilizando ao longo da história do cinema como os queridinhos da turma da primeira carteira. Os CDFs, os caxias, os nerds, os geeks não passam sem um sci-fizinho de leve ou mais puxado, e depois haja chá de erva-doce para fazer a adrenalina baixar a níveis considerados seguros. O gênero tem uma aura de superior, mas é tudo pose. A gente aqui na Bula gosta é de cinema que faça pensar, a despeito de categorias — até porque essa norma é a mais subjetiva quanto a se classificar um filme.
Temperaturas menores que o habitual nunca foram unanimidade, principalmente num país tropical feito o Brasil, onde desde pequenos nos acostumamos ao sol. A gente até que dá um desconto por ser inverno, mas tudo tem limite, né? Bem, na verdade não. A natureza não está lá muito interessada nas nossas possíveis queixas e, pasmem, vai fazer os queixos mais sensíveis baterem.
Devido a posicionamentos políticos — e, claro, à própria natureza belicosa do gênero humano —, lamentavelmente a ONU perdeu muito de sua relevância. As guerras pelo globo continuam, mas temos o consolo de contar com o cinema a fim de fazê-las parecerem menos cruéis, ainda que sempre nefastas. A lista da Bula de hoje conta com cinco filmes, todos na Netflix, que têm a guerra — e seu rastro de destruição — como enredo.
Um artista é sua obra? No caso de Woody Allen, um dos diretores mais criativos e prolíficos do cinema é difícil responder. É sabido que as muitas experiências interferem no trabalho de qualquer um, ainda mais quando estamos falando de um artista. Por outro lado, Allen é tão profissional e tão inventivo que parece não ter necessidade de lançar mão de suas memórias para fazer bons filmes. Não que ele não se valha desse expediente de vez em quando; o que se vê ao se tomar a obra do diretor é que seus filmes têm, sim, um pronunciado componente de autobiografia, mas a força da história — e do talento de Allen — transcendem essa característica.
