Autor: Eberth Vêncio

Literatura de merda

Literatura de merda

Será preciso muita paciência para ler. As coisas fogem um pouco do controle depois que se enche a lata de álcool. Não estávamos exatamente bêbados, mas, certamente, embriagados de felicidade. Ainda estávamos ali, sãos e salvos; mais salvos do que sãos, é bem verdade. Gozávamos de uma loucura controlada. Refletíamos sobre o terrível período de isolamento social compulsório.

Jesus está voltando. E ele vem armado

Jesus está voltando. E ele vem armado

Podia ter sido uma gripezinha, só uma gripezinha presidencial de quem possuía um passado de canalha. Podia ter sido um osso vital fraturado por descuido das mãos pesadas de um quiropraxista. Em determinadas circunstâncias, os ossos de um sujeito ficavam bambos. O azar do Alex pode ter sido justamente este: possuir ossos fracos num território macabro dominado pela injustiça e pela desigualdade social.

Cada dia é uma mentira

Cada dia é uma mentira

Cada dia é uma mentira. Elvis está voltando. Paul McCartney está morto. Jesus está trepado numa goiabeira, comendo a humanidade pelos olhos. Me liga. Amanhã a gente se vê. Ou não. Pode ser. Tomara que sim. Tomara que não. Passe lá em casa, mas, não leve aquele seu papinho furado sobre a Terra ser plana. O plano é fugirmos desse lodaçal de orgulho pela própria ignorância.

Apesar de loucas, tronchas e solitárias, as pessoas parecem flores, finalmente Foto: Ulf Andersson

Apesar de loucas, tronchas e solitárias, as pessoas parecem flores, finalmente

Você fica tão sozinho às vezes que até faz sentido. Mas, eu não queria mais ficar sozinho. Não naquele dia. Hollywood era coisa do passado. Andava à toa em San Pedro, ao sul de lugar nenhum. Buscava inspiração para escrever um livro sobre o amor, sobre gatos, sobre bêbados e bebidas, o que surgisse primeiro como inspiração. Estava saturado de escrever cartas na rua para ninguém. Sentia-me um fodido ao inventar personagens que, de fato, nunca existiram.