Suspense e ação com Hugh Jackman, na Netflix, é uma aventura sem limites pela imaginação Divulgação / Universal Studios

Suspense e ação com Hugh Jackman, na Netflix, é uma aventura sem limites pela imaginação

“Mantenha seus amigos por perto — e seus inimigos mais perto ainda”. Embora Gabriel Van Helsing não seja alguém que se dedica a cultivar amizades, este lema se encaixa perfeitamente em sua vida. “Van Helsing — O Caçador de Monstros” guia o espectador pelas jornadas dessa figura enigmática, parte homem, parte fera, que se dedica a enfrentar criaturas demoníacas como vampiros, lobisomens, bruxas e feiticeiros, sem qualquer garantia de sucesso. Com habilidade, Stephen Sommers manipula os elementos certos para entregar uma história que não esconde seu flerte com o absurdo, utilizando um humor sutil para destacar a humanidade de seu anti-herói.

Sommers, diretor de “As Aventuras de Huckleberry Finn” (1993) e “O Livro da Selva” (1994), adaptando o clássico de Rudyard Kipling de 1894, mudou seu foco para o terror e o gore com “Tentáculos” (1998), sobre uma lula gigante atacando um cruzeiro, e “A Múmia” (1999), que foi tão bem-sucedido que gerou “O Retorno da Múmia” (2001). Nota-se em seu trabalho a influência de James Whale, diretor de “A Noiva de Frankenstein” (1935), e de Mel Brooks em “O Jovem Frankenstein” (1974), mas “O Caçador de Monstros” tem sua própria identidade.

O prólogo em preto e branco de Allen Daviau transporta a audiência para um passado distante. Na Transilvânia de 1887, uma turba persegue uma figura monstruosa com foices e tochas. Isso pode ter inspirado Yorgos Lanthimos em “Pobres Criaturas” (2023), uma exageração dos desconfortos humanos, mas aqui não há espaço para lirismo.

O monstro de Sommers é encurralado e um moinho é incendiado, preparando a entrada de Van Helsing, que promete uma solução ao doutor Victor Frankenstein, interpretado por Samuel West. Antes, ele procura pelo senhor Hyde de Robbie Coltrane na catedral de Notre Dame, sem sucesso, e segue para o Vaticano. Lá, recebe armamento avançado de uma seita oculta, semelhante à Opus Dei, que vê nas experiências de Frankenstein uma ameaça à fé católica.

Até este ponto, Van Helsing é um lobo solitário, um justiceiro sem método claro, cuja existência é dedicada à sua missão. Hugh Jackman traz uma dimensão mais humana ao protagonista, especialmente quando Anna Valerious cruza seu caminho. Anna, interpretada por Kate Beckinsale, e seu irmão Velkan, vivido por Will Kemp, são parte da última geração que precisa matar Drácula para encontrar paz. A dinâmica entre Beckinsale e Jackman adiciona uma camada de ternura à dureza de Van Helsing, formando uma dupla unida mais por princípios morais e uma visão utópica do que por desejo romântico.

A presença onipresente de computação gráfica não ofusca a mensagem de que o desconhecido precisa ser enfrentado. “Van Helsing — O Caçador de Monstros” explora essa necessidade humana de confrontar o que nos ameaça, mantendo sempre a tensão entre o real e o sobrenatural.


Filme: Van Helsing – O Caçador de Monstros
Direção: Stephen Sommers
Ano: 2004
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 8/10