Ideias

Instituto Machado de Assis: afinal, para que(m) serve a Literatura?

Instituto Machado de Assis: afinal, para que(m) serve a Literatura?

Em seu ensaio intitulado “O direito à Literatura”, o crítico literário Antonio Candido adverte que a arte literária corresponderá a uma espécie de necessidade universal que há de ser respeitada, sobretudo porque liberta o indivíduo do caos; e, portanto, humaniza-o. Neste contexto, caber-se-ia a indagação a respeito da utilidade prática da Literatura, na gênese de uma sociedade contemporânea pautada pelos dogmas e preceitos da pós-modernidade deste século 21.

Coetzee e a barbárie

Coetzee e a barbárie

No acervo da Netflix, uma das peças mais interessantes é o filme “Esperando os Bárbaros” (2019), de Ciro Guerra. As estrelas Johnny Depp e Robert Pattinson são chamarizes de público para a adaptação de um dos melhores romances do final do século 20: “À Espera dos Bárbaros” (1980), do sul-africano J.M. Coetzee, ganhador do Nobel de Literatura em 2003. Ver a versão para o cinema é a via de acesso a um universo que herda questões centrais para as artes, o pensamento e o mundo contemporâneo.

Como escrever um best-seller 

Como escrever um best-seller 

Em outra perspectiva autoral, recomenda-se a perspectiva temática de obras literárias, que abordem as peripécias de feiticeiras, magos, gnomos, fadas e duendes, a fim de que se seduzisse o público consumidor, ávido por esvaziar as prateleiras repletas de esoterismos e espiritualidade. Eis o estrondoso êxito comercial do espólio do bruxo carioca Paulo Coelho e da saga de Harry Porter, cujo sucesso fez uma escritora até então endividada obter patrimônio mais significativo do que o da rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Em terceiro plano, caso não haja talento para autoficção ou esoterismo, peço que aposte todas as fichas do jogo ficcional nos registros que abranjam os conflitos étnicos e de gênero.

Guimarães Rosa: 55 anos sem o homem que fabricava palavras Foto / Luis War

Guimarães Rosa: 55 anos sem o homem que fabricava palavras

O crítico literário Antonio Candido ressalta que, para quem souber ler, a obra de João Guimarães Rosa tornar-se-á um formidável manancial de análise literária. No “Grande Sertão”, especificamente é perceptível que, no decorrer da narração que se inicia com o vocábulo “Nonada”, os múltiplos aspectos discursivos se apresentem ao Leitor, desde o diálogo com as epopeias homéricas até “Guerra e Paz”, de Tolstói, sem se olvidar da relação hermenêutica com Proust, Faulkner, Kafka e Joyce.

A melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos Arquivo / CBF

A melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos

Nelson Rodrigues, o reacionário preferido dos diretores de teatro moderninhos, escreveu que “qualquer assunto, fora o futebol, já nasce morto”. Essa é a melhor resposta para a platitude “política, religião e futebol não se discute”. Afinal, futebol é política, futebol é religião, mas também é sociologia, antropologia, economia, história, geografia, física e estatística. A seleção de um país é o espelho desse país, em seus acertos e desacertos. Isso merece, pode e deve ser discutido.