O evangelho segundo Godard
Jean-Luc Godard não tem fãs. Tem estudiosos. É como Hegel ou Kant, que não têm leitores, têm eruditos especializados. Ninguém lê “Fenomenologia do Espírito” ou “Crítica da Razão Pura” para matar tempo em uma tarde chuvosa. O mesmo acontece com alguns trabalhos de Godard, como “Filme Socialismo”, “Nossa Música” e agora com sua experiência com a tecnologia 3D “Adeus à Linguagem”. Nem sempre foi assim. Assisti-lo já foi moda obrigatória entre os jovens que se consideraram politizados. O que incluía multidões e mais multidões nos anos 1960. Não assistir filmes como “O Desprezo”, “A Chinesa” e, sobretudo, “Acossado” era estar fora da rodinha de conversa na faculdade e nos bares da moda. Hoje, tudo mudou. É preciso razões acadêmicas, profissionais ou gosto pela cinefilia para alguém se dispor a vê-los.