Autor: Ruth Borges

‘A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata’

‘A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata’

Sonhar é achar-se sem licença. É viajar para o lugar mais próximo de nossa verdade psíquica, humana. Em sonho damos de cara com a intimidade, é feito ajustar um espelho diante da alma. Mas nem sempre estamos dispostos a esse atrevimento. Não obstante, nos mantemos acordados, evitando o contato com nossa realidade interna. Ver-se é descuidar-se dos controles, é deixar a capa cair — essa que vestimos, em vigília, para açoitar os bichos que arrastam correntes nas nossas varandas.

Chorar vale mais que uma boa dose de tranquilizantes

Chorar vale mais que uma boa dose de tranquilizantes

Quando anoitece e a razão escurece, acende clara a ferida. São dias em que a alma sente dor, uma dor tamanha que é impossível ignorar. Então a gente chora. Chora sim. A gente se socorre no choro, enquanto tenta fazer escorrer em lágrimas o que precisa sair, descer ou desfazer. O choro é chuva que varre a dor, é uma atrevida tentativa de fazer a tristeza fugir do olhar. Enquanto escorre, a lágrima faz curva na angústia, faz o instante condoer-se em dilúvio. Chorar é fazer as palavras caírem dos nossos olhos. É dizer o que, em certos momentos, se encontra indizível.

Algumas pessoas nunca sentem tesão. Ahhh! Que vida medíocre elas devem levar

Algumas pessoas nunca sentem tesão. Ahhh! Que vida medíocre elas devem levar

Sem tesão, não dá! Se é pra fazer, façamos intensos, inteiros, ou é melhor deixar pra lá. Sentir tesão é arrepio, que não vem do frio, nem do medo, mas da capacidade de desconfiar que vida pode ser algo delicioso. Mas não. A gente às vezes prefere sentar confortável no sofá da rotina, esticando a mão a pegar na prateleira o controle do óbvio, a certeza, o planejamento da mesmice. Viver sem tesão é mesmicídio!

O amor não precisa ser perfeito, precisa ser possível

O amor não precisa ser perfeito, precisa ser possível

Estar apaixonado é fazer uma conta que não fecha. Não há matemática capaz de explicar os sentimentos quando acontecem. Vêm feito torrente, atropelando, arrastando e desorganizando qualquer suposição antecipada, pois a verdade é que o sentimento está se lixando para esse guia de amores dos sonhos. Ele só quer se encantar.

Desculpem-me os sãos, mas a loucura, vez em quando, é fundamental

Desculpem-me os sãos, mas a loucura, vez em quando, é fundamental

Não há vagas para a normalidade, só entra quem sabe voar. A loucura nos propõe viver dias de fé e liberdade, a respirar relaxados, quando estamos cansados de nos martirizar por tudo. Ah, como são admiráveis os que topam viver com uma boa dose de loucura, os que se jogam na pista de dança, os descabelados, os que vivem as verdades que falam, os que cantam músicas com a letra errada e os que não brincam de pique-esconde com os sentimentos.