Autor: Nei Duclós

Isaac Bashevis Singer: o pesadelo do escritor que tentou viver de seu ofício enquanto o mundo desmoronava Bernard Gotfryd / Biblioteca do Congresso

Isaac Bashevis Singer: o pesadelo do escritor que tentou viver de seu ofício enquanto o mundo desmoronava

Todo romance é sobre literatura. Todos os que contam, pelo menos, como nos lembra “Shosha”, de Isaac Bashevis Singer, lançado originalmente em 1978, o mesmo ano em que o autor ganhou o Prêmio Nobel. A linhagem é conhecida. “O Quixote” que se debruça sobre si mesmo na segunda parte do texto de Cervantes é o exemplo canônico da ficção com autoconsciência. O jogo não tem fim e chegou ao auge com as experiências do século 20, de James Joyce a Guimarães Rosa.

As cartas esquecidas de Caio Fernando Abreu

As cartas esquecidas de Caio Fernando Abreu

Decidi achar as cartas do Caio Fernando Abreu no meu arquivo (soterrado de papéis, acumulados em décadas). Ele escrevia normalmente para mim nos anos 1970, quando por um tempo fomos muito amigos e nos correspondemos, ele em Porto Alegre, eu em São Paulo. Biógrafos e estudiosos já me pediram essas cartas. Uma biógrafa chegou a duvidar da existência delas, já que eu não ofereço a aparência de um capital simbólico suficiente para convencer os deslumbrados. Mas por algum motivo não cedi. Agora vou revisitar cada uma delas, sem obedecer a nenhuma cronologia. São todas cartas legítimas, originais, com a assinatura do amigo que já tinha grande prestígio na época e se transformou num escritor cult, numa celebridade nacional, queridíssimo por muitos milhares de leitores.

Gabriel García Márquez: o escritor em seu labirinto

García Márquez, mestre em desvendar o imaginário de uma cultura pontuada pelo exagero, nos dá no seu livro “O General em Seu Labirinto” um quadro terrível de Símon Bolívar, o ex-líder que faz uma descida aos infernos ao longo de um rio. Exatamente o contrário da ascensão que sua lenda experimenta hoje, cercada de equívocos por meio de eventos políticos.

Monteiro Lobato: alma de boxeador

Monteiro Lobato: alma de boxeador

Ninguém descreve a trajetória do sol sobre a paisagem brasileira como ele. O amanhecer é a promessa do país ainda virgem da devassidão europeia, que tem uma chance na esperança de ser um lugar agradável de viver, onde poderia imperar a harmonia e o equilíbrio entre as pessoas. Mas quando o dia avança e a bigorna do sol acaba tisnando a paisagem, eis que se revela o país insuportável, onde medra o fogo e o crime ecológico.

Samuel Fuller, o mais cult dos cineastas americanos

Roteirista, produtor e diretor da maioria dos seus filmes, Samuel Fuller é uma lenda da sétima arte, o mais cult dos cineastas americanos, celebrado no auge da crítica francesa dos “Cahiers Du Cinema” pelos jovens da Nouvelle Vague. O impacto dos seus filmes se mantém, apesar de terem sido feitos há mais meio século, e funciona como um soco na cara do atual bom comportamento do cinema.