Indicado ao Oscar, romance inteligente, na Netflix, vai te fazer usar mais o cérebro que o coração Divulgação / Metropolitan FilmExport

Indicado ao Oscar, romance inteligente, na Netflix, vai te fazer usar mais o cérebro que o coração

“Educação” é um charmoso e elegante romance de Lone Scherfig, de 2009, que recebeu três indicações ao Oscar nas categorias de melhor atriz, melhor roteiro adaptado e melhor filme. Aquele ano foi a primeira vez em que duas mulheres disputaram juntas a estatueta de filme do ano. O Oscar acabou ficando com Kathryn Bigelow, por “Guerra ao Terror”.

O enredo de “Educação” se passa nos anos 1960, na Inglaterra. Carey Mulligan interpreta Jenny, uma dedicada estudante de 16 anos, que traçou toda sua história estudantil pensando em ingressar em Oxford. Intelectual, leitora ávida e instrumentista de violoncelo, os pais de Jenny se orgulham de terem criado uma mulher preparada para o mundo. Mas quando o encantador David (Peter Sarsgaard) aparece em sua vida, a faculdade entra para segundo plano de toda a família.

Ele a leva para assistir a orquestra, em uma visita a Paris, a eventos culturais e a apresenta à vida boêmia. David faz Jenny acreditar que é a garota mais especial do mundo e a pede em casamento. Mas não demora para que mentiras venham à tona e destrua todo o conto de fadas idealizado por Jenny e sua família.

O filme acompanha o amadurecimento da protagonista. Mulligan tinha 22 anos quando atuou neste papel e consegue entregar aos espectadores convincentemente uma personagem adolescente. O olhar doce, a fala muitas vezes arrogante, a aura sonhadora. David a encontra sob a chuva com seu violoncelo e a oferece carona. Logo ele detecta que Jenny, embora ingênua, é uma menina com muita bagagem intelectual. Então, ele a leva para conhecer seu deslumbrante casal de amigos, Danny (Dominic Cooper) e Helen (Rosamund Pike).

Jenny é uma garota de classe média e sua chance de ascender socialmente é por duas vias: o estudo ou o casamento. Quando ela se depara com o mundo que David a apresenta, com roupas caras, concertos de música clássica, viagens de luxo e promessas, não é difícil imaginar como uma garota de apenas 16 anos poderia se deslumbrar. Mas ele também é muito carismático e bom de lábia. Nem mesmo os pais de Jenny resistem ao charme de suas palavras e sua simpatia. Quando a menina anuncia o pedido de casamento aos pais, eles logo respondem que a oportunidade a poupará de ir para Oxford para estudar.

Em “Educação”, temos uma protagonista à frente de seu tempo. Afinal, era incomum que mulheres tivessem curso superior nos anos 1960. Jenny é exigida pelos pais como um garoto. Eles querem que ela seja boa nos estudos e não perca tempo com namorados. Mas o conservadorismo e o machismo da época se escancaram, quando um “bom pretendente” surge em cena. Vale a pena desistir de tudo que a família construiu para Jenny em toda sua vida em troca de um partidão.

Felizmente o caminho para o sucesso da adolescente já havia sido bem pavimentado por toda a família e David é mais um contratempo do que um empecilho. Da história, fica a lição de que nem tudo que reluz é ouro e, também, de que a independência é a melhor amiga da mulher. Um filme com atuações fantásticas e uma história elegantemente construída para nos fazer pensar sobre a autonomia da feminina.


Filme: Educação
Direção: Lone Scherfig
Ano: 2009
Gênero: Romance/Drama
Nota: 8/10