Um conto de Natal

Um conto de Natal

Estava tomando um cafezinho num boteco quando um Papai Noel apareceu ao meu lado e pediu um refrigerante. Não resisti e falei com o cara: — Tudo bem? Deve ser difícil ficar com essa roupa nesse calor, né?

— É ruim pra cacete! Tu não achas que eu preferia estar de bermuda e chinelo? Mas ninguém acredita em Papai Noel se ele não tiver com essa roupa escrota!

— É verdade…. em que shopping você tá trabalhando?

— Em todos! — Como assim em todos?

— Presente a beça pra distribuir! Tenho que ir em tudo que é lugar! Nos shoppings, nas lojas, nas ruas e nas casas…! Ainda bem que não tem mais lareira pra descer!

— Qualé meu irmão, tá querendo me dizer que você é o Papai Noel de verdade?

— Não quer acreditar, não acredita, porra! Quero que se foda!

— E tu quer dizer que é papai Noel de verdade falando palavrão?

— Qualé o problema? Onde tá escrito que papai Noel não fala palavrão?

— Em lugar nenhum, mas ele é o bom velhinho… que traz presente pras criancinhas…

— E criancinha hoje em dia não entende palavrão? O que você acha que elas falam quando não gostam do presente?

— Ah, não enche o saco, você tá é no fundo do poço e tem que aceitar esse empreguinho de ser papai Noel de shopping…

— Você não acredita que eu sou o Papai Noel? Então peraí! Toma!

— Que isso?

— Teu presente! Você não é o Beto Silva? Taí o seu presente, ô babaca! Tchau!

O cara foi embora e eu fiquei ali pensando: será que esse era mesmo o papai Noel? Olhei pro presente que ele me deixou e resolvi abrir pra ver o que era. Lá dentro só tinha um bilhete: “Aí, ô babaca, quando encontrar o Coelhinho da Páscoa diz pra ele que o Papai Noel mandou ele enfiar o ovo da Páscoa no rabo!”