5 filmes novos na Netflix que vão deixar você sem chão

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O homem, animal feroz que é, dá vazão a seu lado bestial de maneiras as mais diversas. A natureza humana é incapaz de deixar uma falta sequer passar despercebida e se acontece de nos esquecermos de quem foi para conosco mesquinho, agressivo, desleal, violento, não é por generosidade, benevolência, tentativa de conferir ao episódio a natureza de insignificante ou muito menos porque somos superiores em relação à outra parte, mas um exercício de tolerância, conhecido sob o vocabulário da psicologia como sublimação, atitude que pode ser vista como que para preservar o espírito do veneno maior do mal — ou por mero cálculo mesmo. Há quem defenda a ideia de que é impossível para a vítima de um ultraje profundo conseguir de fato e de coração apagar da memória a lembrança de um evento funesto, ou apenas constrangedor, tanto faz. Por mais que o ofendido diga com toda a sinceridade que perdoa quem o atacou — o que, felizmente, acontece com frequência até espantosa —, tudo o que se passou fica registrado em alguma parte de sua psique, e se não volta à tona e provoca sentimentos de revide, é graças a propósitos religiosos, filosóficos, morais, amadurecidos ao longo de décadas de estudo, reflexão e prática. Obviamente, há os que navegam na direção oposta, devotando a vida em nome da reparação que julgam necessária e merecida a um insulto, tenha a proporção que tiver, se apresente difícil o quanto for. O tema é tão vultoso que o próprio pai da psicanálise, o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) se debruçou sobre o assunto e chegou a conclusões tão evidentes como reveladoras. Segundo Freud, a vingança traz em seu bojo o prazer em assistir ao sofrimento do outro, isto é, o alvo da vingança seria um ingrediente fundamental quanto a dar azo ao processo de retaliar um desafeto qualquer e, nesse particular, quanto mais próximos sejamos ou tenhamos sido daqueles a quem endereçamos nossa vingança, mais eficiente e mais plena de regozijo ela se torna. Na história da cultura ocidental, decerto a narrativa que contempla a maior desforra de um personagem contra outro é “Medeia”, peça do dramaturgo grego Eurípedes (480 a.C – 406 a.C.), que ao insinuar até onde pode chegar o gosto por ver o inimigo completamente arrasado, ainda que isso tenha um custo alto demais, faz um retrato fidedigno da baixeza do gênero humano quando vilipendiado. A história de uma mulher, como a personagem central da tragédia grega também ávida por vingança depois de viver uma situação extrema é o que se vê em “Kate” (2021), do francês Cedric Nicolas-Troyan. Pagar em igual medida o dano recebido é o que também deseja Robert McCall em “O Protetor 2” (2018), do americano Antoine Fuqua, veterano que se sai muito bem à frente de produções do gênero, sempre pontuadas por muita ação. “Kate”, “O Protetor 2” e mais três filmes, lançados entre 2021 e 2018 e recentemente incluídos no acervo da Netflix, se encarregam de tirar o chão de sob os pés do espectador, que nem vai dar pela falta dele.

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix