Filmes

Se as relações atuais são líquidas, a culpa é dos envolvidos. Estamos tão focados em nossos próprios interesses, que esquecemos que para dar certo, a vida a dois precisa também de doações, não apenas cobranças. Uma comédia que se propõe a estudar os relacionamentos, o filme de Sebastián De Caro gira em torno de um casal, Belén e Fred, que passa a trocar ações altruístas pelo outro por milhas, pontos que podem ser convertidos em lazer, viagens, esportes ou restaurantes. Cada vez mais interessados em acumular essas milhas, eles começam a disputar atitudes românticas forçadas para perceber que o amor não sobrevive sem reconhecer as reais necessidades do companheiro.

“Ardente Paciência” é um bom exemplo do que pode a verdadeira poesia, em especial quando personificada por um dos gigantes dessa arte, tão escondida quanto nobre. O chileno Rodrigo Sepúlveda compõe um trabalho filigranado, que se esmera em incutir no espectador a sensação de que a poesia faz parte da vida ela mesma, no detalhe e no todo, em suas muitas e insondáveis essências.

Uma adaptação para os cinemas do livro de Jane Hawking, “Viagem ao Infinito”, “A Teoria de Tudo” narra a história de companheirismo e lealdade entre o físico teórico e cosmólogo Stephen Hawking e sua ex-esposa, Jane. Casados por 30 anos, a parceria entre eles começou ainda na Universidade de Cambridge, onde se conheceram. Pouco depois, ele descobriu ter uma doença degenerativa que lhe afetava os músculos, mas não o intelecto. A esclerose não foi capaz de frear a história que Hawking escreveria na ciência, desenvolvendo estudos e comprovações de teorias de Einstein e contribuindo para avanços no campo astronômico.

As ilusões de um garoto confrontadas com um súbito entendimento do que se passa ao seu redor, nada menos que uma guerra de dimensões internacionais, são muito bem desenhadas por Mark Herman em “O Menino do Pijama Listrado”, história que prima pelo realismo, mas que não esquece de exaltar o sonho, incansável nas palavras e nos gestos de gente miúda e esperta.

Considerado pelos críticos como o filme mais pessoal de Steven Spielberg, “A Lista de Schindler” relembra a ocupação do Gueto de Cracóvia, uma área de pouco mais de 16 hectares em que milhares de judeus foram obrigados a se amontoar logo depois de declarada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Aqui, Oskar Schindler (1908-1974) é retratado como o típico anti-herói — mulherengo, ardiloso, amoral —, mas com tino invulgar para os negócios e, o principal, político, numa boa acepção para a palavra.