John Wells discorre sobre uma das grandes tragédias da natureza humana sem medo de pesar a mão de vez em quando, mas sempre tentando dar a seu filme a leveza de um suflê de grana padano ou o requinte de uma musse de chocolate belga. “Pegando Fogo” (2015) junta elementos aparentemente indigestos, como a ânsia de um homem por se reerguer depois de uma temporada no inferno, ao dia a dia da cozinha de um restaurante badalado, ambiente cheio de perigos.

Há várias alternativas para se esquecer temporariamente os problemas. A arte, o esporte, uma refeição ou atividade podem desligar seu cérebro daquilo que tem deixado seu humor para baixo por um tempo. Com certeza, o cinema, dentre as formas de arte, é uma das opções favoritas para desprender a mente da solidão e dos problemas e proporcionar bem-estar.

Algumas das barreiras que o capitalismo não consegue derrubar são a matéria-prima que o irano-americano Ramin Bahrani aproveita em “O Tigre Branco” (2021), uma história da Índia contemporânea, cada vez mais acossada pela necessidade de se renovar, mas amarrada pelos hábitos arcaicos que fazem questão de mantê-la num passado de miséria atávica para a maioria, cenário bastante aprazível para uns poucos.