Autor: André J. Gomes

Felicidade, quando dá, tristeza nenhuma segura

Felicidade, quando dá, tristeza nenhuma segura

Olha, nem adianta. Não há o que fazer. A gente aceita e pronto. Esse negócio não tem cura. Quando bate, derruba. Felicidade é fogo. Não tem remédio, injeção, simpatia, massagem, terapia alternativa, intervenção cirúrgica, emplastros, unguentos, compressas, fórmulas homeopáticas, reza brava. Nada! Quem pega uma vez felicidade tem de viver com isso para sempre. É certo que ela vem e volta. É da ordem das doenças crônicas. O sujeito sente uma pontinha de alegria distante, lembra um dia bom que ficou lá atrás, encontra um alguém querido, recebe uma notícia boa e está feito o quadro. A crise se prenuncia e aí não tem jeito, é correr e tratar. Porque, você sabe, felicidade não tem cura. Só lhe cabe tratamento.

Está na hora de fazermos alguma coisa. Vamos fazer gentilezas!

Está na hora de fazermos alguma coisa. Vamos fazer gentilezas!

Então já é dezembro. Vem aí o Natal de novo. É sempre assim, a vida escorrega por sob os pés da gente, daqui a pouco é dia 24, quase meia-noite, e se bobear eu não terei dito a você o que preciso lhe dizer desde sei lá quando. Então, só por garantia, vou dizer por aqui primeiro e depois a gente vê o que faz! É que eu tenho sentido uma gratidão tão grande por nós, sabe? Agradeço mesmo a alegria de sermos, assim, pessoas contemporâneas, se virando e se debatendo nesse mundo tão entupido de grosseria e estupidez.

Tinha de ser o Chaves!

Tinha de ser o Chaves!

Sim, eu também sou grato para sempre a Roberto Gómez Bolaños. Não por nada, não. É por tudo mesmo. Ter sido criança nos anos 80 do século passado tem quase tudo a ver com esse homem e sua arte. Minha família tinha acabado de trocar Araraquara por um dos últimos bairros da zona leste de São Paulo. Naquele lugar hoje tão distante mas tão perto do meu coração, um canto do mundo onde saltei da infância à adolescência na companhia de um povo valioso que fazia tanto a partir de tão pouco, a gente assistia ao Chaves na hora do almoço, na antiga TVS, mastigando salsicha com arroz no caldo knorr e salada de batata, e a vida parece que dava um desconto, sabe? Ficava mais fácil.

Carta de amor ao meu filho pequeno quando a saudade é grande

Carta de amor ao meu filho pequeno quando a saudade é grande

Ah, meu filho! Volte logo. Venha ligeiro dessa viagem inesperada de veraneio. Venha porque o Natal está aí e o Papai Noel já chegou ao shopping. Eu vi. Estive lá ontem batendo perna e tinha um monte de criança e pai e mãe e avó na fila esperando uma foto com o bom velhinho. Tanta gente bonita, filho! Daquela beleza que dá em todo mundo quando sente alegria, sabe? Eu senti também. Só não me achei bonito como todos ali porque faltamos você e eu na fila. E não é para me gabar, não. Mas nós fazemos uma dupla simpática!

Sobre os patetas e sua arte de caminhar para trás

Sobre os patetas e sua arte de caminhar para trás

Isso, criatura. Fure mesmo essa fila. Passe em colossal descaramento à frente de todos que aqui esperávamos a vez honestamente. Muito bem! Uma salva de palmas para o cidadão ali, tão certo de sua soberania sobre todos os outros. Bravo! E que bela buzina a sua, cavalheiro que afunda com generosidade a mão no volante e os pés no acelerador, alardeando a superioridade de sua máquina entre os outros carros tão lentos e sua mania de obedecer os limites de velocidade e outras regras da convivência civilizada.