10 brasileiros notáveis que vão deixar você orgulhoso por ser brasileiro também

10 brasileiros notáveis que vão deixar você orgulhoso por ser brasileiro também

Confesso que não gostei de Renaud Lavillenie ter chamado os torcedores brasileiros de “público de merda”. Reza a lenda que os franceses são um povo arrogante quando o assunto em questão é respirar o mesmo ar que o restante do planeta. Não sei. Sou um burro ignorante pouco viajado. Não conheço Paris, embora, morra de vontade. A única parte da França que eu conheci foram as axilas brancas e sedosas da bela Sophie, uma branquela (com cheiro de sabonete Phebo) que eu não comi dentro do velho Opala Comodoro que eu nunca tive, em meados dos anos 1980. Para ser sincero com vocês (pelo menos a essa altura do primeiro parágrafo), descobri que, de francesinha, Maria do Carmo só tinha o codinome elegante, os sovacos leitosos e as unhas bem feitinhas. Ora, o francês saltador com varas não precisava ter sido tão incisivo ao ponto de usar palavras de baixo calão. Bastava dizer que o público era deseducado e ponto.

No geral, o advento das Olimpíadas no Rio de Janeiro tem massageado o ego do povo brasileiro. Mas não me sinto orgulhoso o bastante. Essa coisa de samba no pé e malandragem na cabeça incomoda. Pensando bem, devo ser um afortunado, considerando que Deus poderia ter sacaneado comigo e me feito nascer um protótipo de homem-bomba num daqueles países fundamentalistas onde, há séculos, as mulheres não tem vez e o ódio é servido no desjejum para as crianças. A maldade se apura desde o berço. Destruir o inimigo vira uma espécie de way of living. É isso aí. Foi uma baita sorte ter nascido de parto normal aqui no interior do Brasil, sob luz de lamparina e alguma dose de desespero.

No que tange aos Jogos Olímpicos 2016, estou tentando separar bem as coisas na minha cabeça. Procuro focar exclusivamente no evento em si. De tal forma que eu me senti envaidecido ao acompanhar, por exemplo, a solenidade de abertura que ocorreu no Maracanã. Achei tudo lindo e impecável. Enquanto eu me segurava nas tamancas para não chorar e passar vergonha (sim, eu tenho problema), cheguei a supor que o ser humano tivesse conserto. A música, a emoção à flor da pele deixam a gente besta, amolecem e fazem sonhar, vocês sabem.

Fiquei particularmente comovido ao ouvir, em entrevista, um dos organizadores confessar que estava se sentindo com o cu na mão, pois, o ensaio geral da véspera tinha sido um fiasco e tudo o que poderia ter dado errado realmente sucedeu. Senti um frio na barriga ao imaginar a sua angústia. Ajustes de última hora foram feitos e tudo terminou muito bem. O magnífico espetáculo foi elogiado e reverenciado mundo afora.

A mídia nacional, como sempre, faz a sua parte e exagera na adjetivação, ao enaltecer com paixão pra-lá-de-metro os atletas brasileiros que conquistam medalhas, catapultando-os à condição de heróis ou semideuses. Eu, com certeza, não chegaria a tanto, apesar de reconhecer a capacidade de superação da maioria desses atletas que treinam sem o apoio devido e, mesmo assim, alcançam resultados relevantes. O público embarca na idolatria, a ponto de quase conseguir cantar o hino nacional completo e sem erros. Nunca fui capaz disso. Tenho uma memória de merda sabe, Renaud?

E por falar em ser brasileiro, com muito orgulho, com muito amor, selecionei para a Revista Bula dez brasileiros notáveis que cravaram os seus nomes na história, ao contribuírem com o seu trabalho para o bem da coletividade. A lista é simbólica, idealizada para ressaltar que os heróis de fato nem sempre visitam os pódios e, muitas vezes, não passam de ilustres desconhecidos para a maioria da população inculta, pois não saltaram com vara, não meteram a bola na rede, não pisaram tatames, a despeito de terem transformado para melhor a vida de muitos. Foram brasileiros com muito orgulho, com muito amor e muito pouco reconhecimento. Será que o campeão francês tá certo?

Irma DulceIrmã Dulce
(1914-1992)

A praia da freira baiana era a pobreza. Vivia para fazer caridade. Chegou a ser indicada para o Nobel da Paz, mas não levou o prêmio. Foi beatificada pelo Vaticano. Se a vida fosse uma olimpíada, na modalidade Amor ao Próximo, ela teria levado a medalha de ouro.

Zilda ArnsZilda Arns
(1934-2010)

Médica pediatra e sanitarista dedicou a maior parte da sua vida a combater a mortalidade infantil no Brasil. Morreu soterrada por um terremoto durante uma missão humanitária em Porto Príncipe, Haiti.

Oswaldo CruzOswaldo Cruz
(1872-1917)

Médico sanitarista e cientista brasileiro combateu pragas como a febre amarela e a varíola. Dentre outras coisas, foi o pivô da Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, ocasião em que teve que brigar contra os micróbios invisíveis e a ignorância cavalar do seu próprio povo.

Carlos ChagasCarlos Chagas
(1879-1934)

Médico sanitarista dedicou-se ao atendimento clínico e à pesquisa científica, sendo mundialmente reconhecido, em especial, pelo estudo da malária e da moléstia que leva o seu nome, a Doença de Chagas.

Josué de CastroJosué de Castro
(1908-1973)

Médico, pensador e ativista político, o nordestino autor de Geografia da Fome destacou-se no combate à fome no Brasil e no mundo.

Oscar NiemeyerOscar Niemeyer
(1907-2012)

O maior arquiteto brasileiro de todos os tempos teve fama internacional. Sua obra mais relevante deu-se com a construção de Brasília. Produziu até bem perto de morrer, aos 104 anos de idade.

Santos Dumont Santos Dumont
(1873-1932)

Não importa se a maior parte do mundo considera os Irmãos Wright como os reais inventores do avião, em detrimento de Santos Dumont. O que conta é que o nosso Pai da Aviação é um dos brasileiros mais célebres da história da humanidade, pois contribuiu, a seu tempo e a sua maneira, para concretizar um dos sonhos mais remotos do ser humano: voar.

Cesar LattesCesar Lattes
(1924-2005)

Físico ilustre, um dos mais famosos cientistas brasileiros de todos os tempos, cujo trabalho foi fundamental para o desenvolvimento da física atômica no mundo.

Euryclides ZerbiniEuryclides Zerbini
(1912-1993)

Foi o primeiro cirurgião brasileiro a realizar transplante de coração no Brasil; e o quinto no mundo. Reconhecidíssimo pela comunidade cientifica internacional, na área médica, especialmente na cirurgia cardíaca.

Tom JobimTom Jobim
(1927-1994)

Provavelmente seja o músico brasileiro mais famoso no planeta em todos os tempos. Foi um dos fundadores da Bossa Nova. Gravou com feras como Stan Getz e Frank Sinatra. Foi um dos mais importantes porta-vozes da música brasileira no mundo. Compôs com o poeta Vinicius de Moraes uma das canções brasileiras mais ouvidas, cantadas e tocadas no planeta: Garota de Ipanema.