Se você não assistiu ao primeiro “Royalteen”, drama adolescente de 2022, dirigido por Per-Olav Sørensen e Emilie Beck, sobre um romance entre uma garota plebeia e problemática e o príncipe da Noruega, não se preocupe. Embora o filme seja um sucesso de audiência na Netflix, não é necessário tê-lo visto para adentrar o mundo de Margrethe (Elli Rhiannon Müller Osborne), na continuação do filme que pretende explorar as crises existenciais, traumas e pressões da irmã de Kalle (Mathias Storhøi), o mocinho do primeiro filme.
O longa-metragem começa já com um acontecimento traumático na vida de Margrethe. Após gravar um vídeo íntimo e constrangedor no celular de um colega, a princesa desmaia em uma festa da escola e é internada. No hospital, os exames mostram que ela teve uma overdose de álcool, cocaína e diazepan. Depois de passar por uma cirurgia, a equipe de relações públicas da família real consegue amenizar os danos para sua imagem. No entanto, há uma preocupação que a persegue: o vídeo no celular do rapaz, que não parece ser uma pessoa confiável.
Longe de ser um conto de fadas da Disney, como “O Diário da Princesa”, “Royalteen: Princesa Margrethe” explora os dramas da pressão da vida de realeza, as expectativas pela perfeição, as inseguranças da adolescência e a descoberta da sexualidade.
É claro que toda monarquia tem os olhos do mundo sobre ela. É preciso manter as aparências sempre impecáveis, conservar as tradições, maquiar os problemas e seguir como se tivesse tudo sob controle. A realidade é bastante diferente. A princesa Diana é um bom exemplo de como a imagem perfeita da realeza britânica não passa de um reboco bem-acabado. Sua autenticidade, espontaneidade e rebeldia expôs para o mundo as fragilidades da monarquia. Seu casamento problemático com o atual rei Charles, sua vida chamativa e festeira, sua ansiedade e contradições diante do conservadorismo da família real britânica, seus projetos sociais polêmicos. Diana realmente chacoalhou a mídia com um lado da monarquia que ninguém esperava ver.
Em “Royalteen: Princesa Margrethe”, a diretora Ingvild Søderlind e as roteiristas Randi Fuglehaug, Anne Gunn Halvorsen e Marta Huglen Revheim pegam um pouco dessa personalidade frágil, mas ao mesmo tempo espontânea e rebelde de Diana para desenhar sua protagonista. Margrethe, ao contrário de Lady Di, tem sangue real. Mesmo assim, não parece se encaixar nos padrões monárquicos. Externamente, ela está sempre impecável, como era a princesa britânica, mas por dentro, seu espírito está em frangalhos, conforme tentam moldá-la para se encaixar nas expectativas reais.
“Royalteen” tem muito pano para manga. Há muito da história que ainda dá para ser aproveitado. Nesta continuação, há uma face dessa vida prismática monárquica que teria sido muito interessante explorar, que é sobre os pais de Margrethe e Kalle. Quando finalmente Frode Winther e Kirsti Stubø, rei e rainha, respectivamente, com suas elegantes e soberbas atuações, têm a chance de mostrar um pouco de seus personagens, o roteiro não teve tempo de se aprofundar. Mas o pouco que experimentamos, é interessante o bastante para nos fazer querer compreender mais sobre eles.
Embora essa ideia de mostrar os bastidores da vida real não seja tão original, “Royalteen: Princesa Margrethe” é um drama adolescente interessante, que entretém e que prende os espectadores.
Filme: Royalteen: Princesa Margrethe
Direção: Ingvild Søderlind
Ano: 2023
Gênero: Drama
Nota: 7/10