Comédia besteirol premiada da Netflix vai te fazer rir fácil e esquecer dos problemas Divulgação / Netflix

Comédia besteirol premiada da Netflix vai te fazer rir fácil e esquecer dos problemas

Madeleine Sami e Jackie van Beek vêm da mesma leva de comediantes da Nova Zelândia que nos trouxe o gênio Taika Waititi, responsável pelas deliciosas sátiras “O que Fazemos nas Sombras”, “A Incrível Aventura de Rick Baker” e “Jojo Rabbit”. Em “Até que a Gente te Separe”, ele é o produtor executivo. Nesta comédia desbocada e ácida escrita, dirigida e protagonizada pela dupla Sami e van Beek, temos uma série de esquetes que giram em torno de uma agência que termina relacionamentos para pessoas que não têm coragem de conversar com seus parceiros.

Sami e van Beek interpretam Mel e Jen, respectivamente. As duas foram unidas por um acontecimento inusitado. Ambas namoravam o mesmo homem sem saber. Após descobrirem a traição, elas terminam com o cara e abrem a sociedade, que atua de um jeito nada ético para dar um fim a relacionamentos. Elas fingem ser amantes, prostitutas, cantam na porta das pessoas e até simulam mortes. A forma delas resolverem os problemas dos outros é bastante desonesta e elas não têm nenhuma preocupação com os sentimentos das pessoas.

O filme é uma sátira sobre responsabilidade afetiva em relacionamentos amorosos, mas, de alguma forma, o tema também perpassa a amizade, quando Mel e Jen brigam, porque suas personalidades são muito diferentes e porque Mel acaba se envolvendo emocionalmente com seus clientes. Primeiro, ela se apaixona por Jordan (James Rolleston), um rapaz de 17 anos que não consegue terminar com sua namorada, porque só sabe se expressar por emojis. Mel também se torna amiga de Anna (Celia Pacquola), uma mulher para quem ela e Jen mentiram, dizendo que seu marido havia morrido ao cair em um buraco.

As situações são absurdas. Mel namora um menor e o filme dá a entender que o romance é ilegal na Nova Zelândia. Elas fingem ser policiais, fazem coisas completamente desonestas e nem por isso se tornam alvo da Justiça. Afinal, o disparate é relativizado e é isso que torna o filme uma comédia desajustada, desgrenhada e bem maluca. Embora muitas piadas pareçam forçadas, é o carisma de suas protagonistas que nos faz seguir adiante.

Apesar de tratar da liquidez dos relacionamentos e ainda falar sobre um tema ainda pouco explorado no cinema, que são as irmandades femininas, o roteiro não parece algo muito elaborado ou intelectual. Pelo contrário, ele navega em águas rasas em busca do riso fácil e apelando para o besteirol. Não é nada sofisticado e pode, em vários momentos, subestimar a inteligência do espectador.

De certa forma, isso é despreocupante, afinal, nem tudo precisa ser feito para pensar. Às vezes é só entretenimento e pura diversão. “Até que a Gente te Separe” é uma comédia para relaxar e até perder uma ou outra piada enquanto viaja na maionese, sem prejuízo da história. É meramente uma abstração, que vai te fazer esquecer dos problemas por uma hora e vinte minutos.

Vale a pena ressaltar as participações de Rima Te Wiata, Celia Pacquola e James Rolleston dão mais sustância para a trama e ajudam a dupla a conduzir seus esquetes de uma forma um pouco mais estruturada.


Filme: Até que a Gente te Separe
Direção: Madeleine Sami e Jackie van Beek
Ano: 2018
Gênero: Comédia
Nota: 6/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.