Romance espanhol na Netflix é a programação perfeita para uma tarde chuvosa de verão Divulgação / Bemybaby Films

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Um filme de 2016, “Nuestros Amantes”, escrito e dirigido por Miguel Ángel Lamata narra a história de Carlos (Eduardo Noriega) e Irene (Michelle Jenner), duas pessoas que se conhecem em uma livraria. Enquanto têm sua primeira conversa, ela propõe um jogo: que eles tenham encontros, mas jamais revelem suas verdadeiras identidades, informações sobre suas vidas pessoais ou se adicionem nas redes sociais. Também não podem se apaixonar. Com encontros pré-estabelecidos, eles se aproximam aos poucos com conversas enigmáticas e evasivas e que não dá garantias de que o que estão dizendo um para o outro seja verdade.

Carlos, no entanto, chega ao segundo encontro com uma vantagem. Ele havia visto Irene dias atrás na mesma livraria conversando com outro homem, possivelmente um namorado, e ela estava chorando. Então, ele sabe que a jovem havia passado por um término muito recente e que provavelmente estava de coração partido. Irene revela que o ex-namorado é um poeta e que eles já haviam reatado uma vez, antes do término definitivo.

Os caminhos de Carlos e Irene têm algumas coincidências e desafios. Aos poucos, ela descobre que ele também passou por complicações em seu relacionamento recentemente. A esposa de Carlos, com quem ele havia namorado por três anos e estava casado por cinco, pediu dois meses de tempo. Eles têm uma filha de quatro anos. Para piorar, eles descobrem que seus ex estão se relacionando um com o outro.

Além de terem de se ajudar a superar seus relacionamentos complicados, terão de lidar com o sofrimento de estar prestes a perder seus amantes para o ex da pessoa a quem estão conhecendo. Com uma pegada a la “Antes do Amanhecer”, de Richard Linklater, “Nuestros Amantes” não se passa em apenas uma noite, como no filme citado, mas é um filme construído basicamente com diálogos. São longos diálogos, cenas extensas, reflexões sobre a vida, o amor e as relações, enquanto seus protagonistas se apaixonam lentamente.

Lamata tenta usar um pouco de humor para apimentar a história, mas a veia dramática acaba puxando mais, enquanto Carlos e Irene abrem seus corações um para o outro, se ajudam a encontrar a cura para suas almas despedaçadas e a seguir em frente. Quando durante um encontro entre os dois, eles trombam com seus ex juntos, Carlos confronta sua esposa sobre o novo relacionamento e, durante a conversa, ela se arrepende e o pede para voltar. Então, Carlos tem de refletir sobre seus sentimentos por ambas as mulheres para tomar sua decisão.

É preciso destacar um elemento importante da trama que é o fato de Carlos ser um roteirista que está passando por um bloqueio criativo. Nestes diálogos com Irene, ele tem oportunidade de se conectar consigo mesmo como há anos não fazia e a reencontrar-se como uma pessoa individual, com anseios e motivações próprias, não apenas como um marido que obedece à risca as imposições da esposa. Ele se anulou tanto ao ponto de sequer sua mulher o achar interessante o bastante.

“Nuestros Amantes” nos faz refletir sobre nossos papeis nos relacionamentos, sobre seguir roteiros pré-estabelecidos do que é socialmente esperado, sobre a anulação do eu pelo próximo e sobre reencontrar a felicidade após o fim do amor. Um filme delicado e agradável e que vale assistir.


Filme: Nuestros Amantes
Direção: Miguel Ángel Lamata
Ano: 2016
Gênero: Comédia / Romance/ Drama
Nota: 7/10